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Primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, realiza uma coletiva de imprensa em Madri, em 15 de fevereiro de 2019, para anunciar a data da nova eleição | PIERRE-PHILIPPE MARCOU/AFP
Primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, realiza uma coletiva de imprensa em Madri, em 15 de fevereiro de 2019, para anunciar a data da nova eleição| Foto: PIERRE-PHILIPPE MARCOU/AFP

O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, marcou eleições gerais para 28 de abril, após o Parlamento ter rejeitado a proposta de orçamento de 2019 do governo minoritário na quarta-feira. É a terceira vez que o país antecipa as eleições desde 2011.

“A Espanha deve continuar avançando, progredindo a partir da tolerância e do respeito. Sem tensão, redistribuindo riqueza, reconhecendo novos direitos e liberdades. Para isso, propus a dissolução das Câmaras e a convocação das #Eleições Gerais em 28 de abril”, anunciou Sánchez em uma transmissão ao vivo na manhã de sexta-feira (15).

A Câmara de Deputados da Espanha rejeitou, na quarta-feira (13), a proposta de orçamento do governo de Pedro Sánchez para 2019. Na ocasião, o primeiro-ministro dependia dos votos da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) e do Partido Democrata Europeu Catalão (PDeCAT), que advogam pela independência da comunidade autônoma. Mas estas legendas se alinharam ao Partido Popular (direita) e ao Cidadãos (centro-direita) no apoio às emendas ao plano de despesas de Sánchez, enterrando as chances de que esse avançasse no Legislativo. O orçamento foi, assim, derrotado por 191 votos a 158. 

As eleições estavam programadas para 2020. Com a antecipação da data, o governo vai medir seu respaldo popular.

A questão da independência deve estar no centro da campanha e do debate político até abril. Como a economia espanhola vai relativamente bem, com projeção de crescimento na casa dos 2% em 2019, não deve estar no topo das inquietações dos eleitores. 

As primeiras pesquisas mostram os socialistas ligeiramente à frente do PP (com média de 24% das intenções de voto, contra 21% dos conservadores). Em seguida, aparecem a legenda de centro-direita Cidadãos, com 18%, os esquerdistas radicais do Podemos, com 15%, e a nova sigla de ultradireita Vox, com 11%. 

Se esse prognóstico se confirmar, os socialistas terão dificuldade em formar um governo -somados seus votos com os do Podemos, mal chegariam a 40% do total. Eles podem precisar selar uma aliança com o Cidadãos, o que hoje parece muito improvável, já que o partido centrista tem se deslocado para a direita nos últimos meses e, em dezembro, fechou uma aliança com PP e Vox para encerrar a hegemonia socialista de quase quatro décadas no comando da Andaluzia.

Encruzilhada

Sánchez assumiu o governo em junho do ano passado, derrotando, na ocasião, o então primeiro-ministro Mariano Rajoy (do PP). Na época, ele contou com o apoio de todos os partidos, com exceção dos populares e do Cidadãos.

Nos últimos meses, ele vinha sendo criticado pela oposição conservadora por tentar retomar o diálogo com o movimento independentista da Catalunha. No orçamento recusado pelos deputados, consta um aumento das verbas destinadas à região. Seu governo também concordou com a indicação de um relator externo para as negociações entre partidos catalães com vistas a definir uma saída para o impasse sobre o status do território -há grupos políticos ali que se opõem à separação da Espanha, assim como boa parte da opinião pública local. 

A concessão foi vista pela direita nacional como uma capitulação de Madri diante de líderes que veem a Catalunha como um Estado já independente, com a mesma estatura que a Espanha. Mas as conversas azedaram dias antes da votação do orçamento, diante da insistência das siglas independentistas para que Sánchez reconhecesse o direito catalão à autodeterminação, o que nenhum governo central jamais cogitou.

Mais uma eleição antecipada

É a terceira vez em oito anos que a Espanha antecipa as eleições legislativas.

Em 2011, José Luis Zapatero adiantou em quase seis meses a votação prevista para o ano seguinte e não conseguiu emplacar seu terceiro mandato.

Em 2015, depois de não obter maioria para formar seu segundo governo, o conservador Mariano Rajoy (do Partido Popular) se viu forçado a convocar uma nova eleição, em junho de 2016. Ele se manteve no cargo.

Na década anterior, Felipe González fez o mesmo, e justamente ao ter sua proposta de orçamento rechaçada pelo Legislativo. Seria o fim de um período de quase 14 anos à frente da Espanha. 

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