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O presidente de Burkina Faso, Blaise Compaoré, anunciou nesta sexta-feira (31) que deixa o poder do país para permitir a organização de eleições no prazo de 90 dias, segundo declaração lida na televisão.

"Declaro que o poder fica vacante para permitir a organização de eleições justas e democráticas em 90 dias", afirmou Compaoré em comunicado, após os maciços protestos de cidadãos e da oposição, que exigiram hoje sua renúncia.

Compaoré justificou a decisão devido a situação sociopolítica degradada e a ameaça de divisão dentro do exército do país.

"Pelo que me diz respeito, acho que cumpri com o meu dever", acrescentou.

O líder explicou que decidiu aplicar o artigo 43 da Constituição de Burkina Faso, que regula a inabilitação temporária ou permanente do presidente.

Segundo testemunhas, Compaoré abandonou o Palácio de Kosyam e viaja em um comboio acompanhado por militares em direção a Pô, cidade situada a cerca de 175 quilômetros ao sul da capital e muito próximo à fronteira com Gana.

O coronel do Regime de Segurança Presidencial, Issaac Zida, foi o primeiro a anunciar a renúncia do presidente para as dezenas de milhares de pessoas que pediam sua saída do poder na Praça da Nação de Ouagadogou, capital do país.

Sem revelar o paradeiro de Compaoré, Zida disse que ele se encontrava em um lugar seguro, segundo declarações divulgadas pelo portal de notícias "Burkina 24".

"O poder pertence ao povo e é ele que decidirá as ações a seguir", disse o coronel, que garantiu que todo o exército está ao lado dos cidadãos.

Os protestos contra Compaoré, que está no poder desde 1987 após um golpe de estado que matou seu antecessor, Thomas Sankara, foram iniciados há dois dias. Milhares de pessoas foram às ruas para protestar e gritavam na capital "27 anos é suficiente", em alusão ao tempo que o presidente está no comando do país.

Ontem, as manifestações se estenderam e se intensificaram em todo o país, especialmente em Ouagadogou, onde centenas de manifestantes assaltaram e incendiaram o parlamento por causa da votação de uma emenda constitucional.

Desde a independência em 1960 até a chegada de Campaoré à presidência em 1987, a história de Burkina Faso se caracterizou por uma sucessão de golpes de estado.

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