Após sofrer críticas internas e externas, o presidente do Egito, Mohamed Mursi, moderou seu discurso ontem ao dizer que os superpoderes que se concedeu na semana passada são "temporários", e sinalizando ao diálogo com a oposição.
O anúncio foi feito um dia depois de os juízes do Conselho Supremo Judicial a mais alta corte do país declararem que as medidas eram um "ataque sem precedentes" à independência do Judiciário.
Mursi, ligado à Irmandade Muçulmana, decretou na semana passada que nenhuma atitude tomada por ele desde que assumiu, em junho, é passível de contestação.
Ele deve se reunir hoje com os juízes do Conselho.
O presidente afirmou que quer fazer um chamado às distintas forças políticas do país para que se chegue a um consenso na redação de uma nova Constituição.
Em comunicado, a Presidência egípcia salientou que busca cumprir com as aspirações do povo egípcio, proteger a transição democrática e preservar a imparcialidade da Justiça.
Ontem, no primeiro dia útil depois do anúncio de Mursi (o domingo é dia de trabalho no Egito), membros da Câmara Alta do Parlamento se mostraram divididos sobre os decretos.
Durante sessão no parlamento, o deputado islamita Ezedin el Qomi disse que o decreto busca "fazer frente às conspirações externas e internas que querem desestabilizar o país".
Nagui Shehabi, deputado pelo Partido Geração, afirmou que o presidente Mohamed Mursi optou por restaurar o estilo faraônico de ditar as políticas da nação e, "além de destruir seu juramento constitucional, dividiu o país".
Desde a última sexta-feira, o Egito voltou a conviver com a violência vista na versão egípcia da Primavera Árabe, que, em 2011, derrubou o ditador Hosni Mubarak, especialmente na praça Tahrir, no Cairo, onde oposicionistas de Mursi acampam.
Ontem, houve confrontos nos arredores do Parlamento e do Conselho de Ministros. Manifestantes gritaram lemas de ordem como "abaixo o poder do guia espiritual", em referência ao líder da Irmandade Muçulmana, Mohamed Badia
Segundo o Ministério da Saúde do Egito, pelo menos 297 pessoas ficaram feridas desde a última sexta depois das polêmicas decisões de Mursi.
A bolsa do Cairo despencou ontem ao abrir logo depois das medidas que dão novos poderes ao presidente do país. As ações tiveram uma queda de aproximadamente 10%.
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