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O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, depara-se com seu primeiro teste de popularidade desde que tomou posse, 16 meses atrás: na sexta-feira, o país elege a composição de várias câmaras de vereadores e de uma poderosa assembléia de clérigos.

Ahmadinejad, um ex-membro da Guarda Revolucionária, espera que a votação consolide sua liderança. O líder provocou polêmica nesta semana, mais uma vez, ao ser anfitrião de uma conferência na qual se questionou a existência do Holocausto e ao prever a queda iminente de Israel.

Na segunda-feira, pela primeira vez ele enfrentou hostilidade em público.

Mas os políticos reformistas do país, derrotados pelos conservadores aliados de Ahmadinejad em uma série de eleições ocorridas desde 2003, apostam em um grande comparecimento às urnas e no sentimento de decepção com o governo alimentado por uma alta no preço de produtos básicos.

Um importante indicador será o desempenho dos reformistas na disputa pelas vagas da Câmara de Vereadores de Teerã. Segundo analistas, a Câmara deve ficar dividida após a eleição.

- Ahmadinejad prometeu às pessoas de baixa renda que melhoraria a situação econômica delas. Mas há uma distância entre o que foi dito e o que foi feito - afirmou Abdolvahed Mousavi-Lari, ex-ministro do Interior do governo reformista.

Mousavi-Lari, que coordena a campanha dos reformistas, afirmou à Reuters que, quanto maior o comparecimento às urnas, melhor para a oposição.

O aumento do custo de vida no país, o quarto maior exportador de petróleo do mundo, vem alimentando uma onda de insatisfação, especialmente em Teerã. Mas muitos dizem ser cedo demais para culpar Ahmadinejad.

Investida da linha-dura

Os 46,5 milhões de iranianos aptos a votarem poderão escolher entre cerca de 233 mil candidatos que disputam mais de 113 mil vagas em Câmaras de Vereadores.

O país também deve escolher os 86 membros da Assembléia dos Especialistas, um grupo de clérigos xiitas de elite que tem o poder de eleger, depor e supervisionar a figura mais poderosa do Irã, o líder supremo do país.

A maior parte dos candidatos reformistas foi impedida, por um painel conservador, de participar da eleição para esses cargos.

Na disputa pela Câmara dos Vereadores de Teerã, os conservadores estão divididos sobre quem deveria ser o prefeito desta cidade de 12 milhões de habitantes.

Aliados de Ahmadinejad, ele próprio prefeito da capital por dois anos antes de se tornar presidente, estão decididos a tirar do cargo o atual titular dele, Mahammad Baqer Qalibaf.

- Ahmadinejad vê em Qalibaf um rival em potencial e também o avalia como um político muito próximo dos reformistas - afirmou um analista de política que não quis ser identificado.

Há ainda uma disputa acirrada para a Assembléia dos Especialistas. O clérigo radical aiatolá Mohammad Taqi Mesbah-Yazdi, um aliado fiel de Ahmadinejad, estaria tentando, segundo os reformistas, ampliar a presença da linha-dura no órgão.

- Deveríamos tentar impedir que esse grupo extremista passe a controlar a assembléia - afirmou Mousavi-Lari.

Segundo analistas, porém, a assembléia deve continuar nas mãos dos conservadores mais moderados, partidários de manter o órgão afastado do dia-a-dia da política nacional.

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