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O presidente da França, François Hollande, deu início à formação de um novo gabinete nesta segunda-feira ao expulsar ministros de esquerda rebeldes que pediam uma mudança na política econômica centrada no rigor orçamentário.

O gesto surpreendente – que arrisca desencadear um confronto entre o novo governo e a extrema esquerda – acontece um dia depois de o ministro das Finanças, Arnaud Montebourg, atacar a Alemanha, locomotiva da zona do euro, por arruinar a economia da região com o que chamou de "obsessão" por políticas de austeridade fiscal.

Montebourg sequer esperou que o primeiro-ministro, Manuel Valls, anuncie um novo gabinete, o que deve fazer na terça-feira, para intensificar seus ataques e declarar que ele e dois outros ministros esquerdistas não buscarão cargos no governo.

"O mundo inteiro está nos implorando para pôr fim a estas políticas de austeridade absurdas, que estão mergulhando a zona do euro cada vez mais fundo na recessão e que logo irão terminar em uma deflação", declarou ele em uma coletiva de imprensa no Ministério das Finanças francês.

"Temos que ter a coragem intelectual e política para reconhecer que as políticas de austeridade estão piorando os déficits, ao invés de reduzi-los", disse Montebourg antes de deixar o ambiente ao som dos aplausos de sua equipe.

Será a segunda troca no governo do impopular Hollande e ocorre menos de cinco meses depois de uma primeira alteração com o objetivo de adotar uma linha mais favorável ao empreendedorismo. Os críticos pediram novas eleições, e o jornal Le Monde deu um editorial com o título "A última chance do presidente".

O destino de Montebourg foi selado no início da segunda-feira com uma nota sucinta do escritório de Hollande. Benoit Hamon e Aurélie Filipetti, titulares das pastas de Educação e Cultura, também deixarão o governo.

Hollande busca recuperar a segunda maior economia da zona do euro com cortes de impostos e frear lentamente o déficit público com uma redução de gastos.

Uma pesquisa divulgada no final de semana mostrou Hollande estacionado na taxa de 17% de aprovação, a mais baixa de um presidente francês desde a formação da chamada Quinta República em 1958.

Valls, popular nos tempos de ministro do Interior, também viu sua aprovação cair por sua incapacidade de lidar com o desemprego, que está acima dos 10%.

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