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Painel mostra desempenho da Bolsa de Istanbul | Ismail Ferdous/Bloomberg
Painel mostra desempenho da Bolsa de Istanbul| Foto: Ismail Ferdous/Bloomberg

A Turquia ganhou um alívio na tentativa de evitar uma crise econômica de grandes proporções. O Catar prometeu injetar US$ 15 bilhões na economia turca, depois de o presidente Recep Erdogan se encontrar com o xeique Tamim Bin Hamad Bin Al Thani, emir do Catar. É mais uma medida adotada pelo presidente para proteger a economia de uma disputa crescente com os Estados Unidos. Segundo a CNN Money, os recursos serão direcionados a projetos econômicos, investimentos e depósitos.

Com o compromisso, a Turquia está colhendo as recompensas de apoiar seu aliado árabe, enquanto os vizinhos do Golfo, liderados pela Arábia Saudita, cortaram relações diplomáticas com o Catar no ano passado. Desde que aumentou seu poder, a partir das eleições de junho, as relações de Erdogan com os EUA, um aliado da Otan, se deterioraram. 

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"O apoio turco ao Catar durante o impasse com a Arábia Saudita finalmente deu resultado", disse Tim Ash, estrategista sênior de mercados emergentes da BlueBay Asset Management, em Londres. "Vamos ver se os chineses e russos colocam algum dinheiro na mesa." 

Enquanto procura novas alianças, Erdogan está tentando consertar o relacionamento com outros aliados tradicionais na Europa, como a Alemanha. Ele perdeu força durante o período eleitoral turco por causa da recusa de Berlim em permitir que políticos turcos fizessem campanha em solo alemão. Erdogan conversou com a chanceler alemã Angela Merkel na quarta-feira e falará com o presidente francês, Emmanuel Macron, na quinta-feira. 

"Não há muito que a Alemanha possa fazer", disse Holger Schmieding, economista-chefe da Berenberg em Londres, por telefone. "Qualquer ajuda que a Alemanha puder dar agora seria pequena se comparada com os problemas em questão." 

Disputa com os EUA

A Turquia anunciou nesta quarta-feira, elevação das tarifas de importação sobre produtos americanos agravando a disputa comercial com os Estados Unidos, um dos gatilhos para a recente crise cambial no país, que fez com que a lira turca se desvalorizasse 42% neste ano. Na semana passada, Washington decidiu dobrar a tarifa de importação sobre o aço e o alumínio da Turquia. 

Em uma decisão anunciada no Diário Oficial, Ancara disse que está impondo tarifas extras sobre itens como arroz, álcool, carvão e cosméticos. No Twitter, o vice-presidente da Turquia, Fuat Oktay, afirmou que a medida foi imposta "em retaliação ao consciente ataque econômico dos Estados Unidos". 

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A decisão de impor novas tarifas ocorreu um dia depois de Erdogan dizer que iria boicotar os produtos eletrônicos do Estados Unidos, destacando os celulares iPhone. Ele sugeriu que o país iria comprar celulares locais ou da Coreia do Sul, embora não tenha ficado claro como ele faria esse boicote. 

Pastor

As medidas são parte de uma disputa mais ampla entre os dois países sobre o destino do pastor americano Andrew Brunson, que está sendo processado pelas autoridades turcas por acusações relacionadas a terrorismo e espionagem. Embora esteja atualmente sob prisão domiciliar, ele está sujeito a uma condenação de até 35 anos de prisão. 

O governo Trump exigiu que Brunson, um pastor da Carolina do Norte que vive na Turquia há décadas, tenha permissão para retornar aos Estados Unidos.  Nesta quarta, um tribunal turco rejeitou nesta quarta-feira um recurso que pedia a libertação dele,

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No fim da semana passada, os EUA decidiram dobrar tarifas sobre aço e alumínio importados da Turquia e impuseram sanções financeiras a dois ministros turcos, em protesto à detenção do pastor. 

O porta-voz da presidência turca, Ibrahim Kalin afirmou nesta quarta-feira que o governo local está "profundamente desapontado" com a posição dos Estados Unidos no caso do pastor americano Andrew Brunson, em prisão domiciliar em solo turco sob suspeita de terrorismo. 

"Se for para mencionar qualquer desapontamento, nós podemos dizer que a Turquia enfrenta um grande desapontamento em termos de seus interesses nacionais", afirmou Kalin a repórteres durante briefing semanal em Ancara, segundo a agência estatal Anadolu. 

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