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O presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, na sede da Assembleia Nacional, em Caracas, 14 de maio
O presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, na sede da Assembleia Nacional, em Caracas, 14 de maio| Foto: Marvin Recinos / AFP

O presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, afirmou nesta terça-feira (21) que a proposta do ditador venezuelano Nicolás Maduro para antecipar as eleições legislativas no país é "puro cinismo e não vai resolver a crise" que assola o país.

Na segunda-feira (20), Maduro propôs antecipar as eleições para a Assembleia Nacional, dominada pela oposição. As eleições parlamentares estavam previstas para 2020. O chavista, no entanto, não deu detalhes nem determinou uma data específica, dando a impressão de a declaração ser mais um desafio aos opositores do que uma medida efetiva. Maduro lançou o desafio durante um ato no Palácio de Miraflores pelo aniversário de um ano de sua reeleição à presidência, boicotada pela maioria da oposição, considerada fraudada e não reconhecida pela maior parte da comunidade internacional.

No mesmo dia, a Assembleia Nacional Constituinte, o parlamento pró-Maduro, aprovou por unanimidade a extensão do seu mandato por mais um ano e meio, até 31 de dezembro de 2020. A ANC, considerada ilegítima por grande parte da comunidade internacional, deveria encerrar suas atividades em agosto deste ano.

Assembleia reduzida

A Assembleia atual, de maioria opositora, foi eleita em 2015 e seu mandato de cinco anos termina em dezembro do próximo ano. Maduro desafiou o resultado em 2017 e convocou eleições para a Assembleia Nacional Constituinte (ANC), uma entidade que seria superior hierarquicamente à Assembleia Nacional. O chavismo ganhou as eleições e a ANC é controlada por apoiadores de Maduro.

"Na Venezuela todos nós sabemos qual é o problema, todos nós sabemos o que nos arrastou aqui foi simplesmente não assegurar eleições justas, transparentes e livres", disse Guaidó em um discurso na Assembleia.

"É cínico sugerir que está disposto a submeter-se a uma eleição quando ele roubou todo o processo em 2018", acrescentou Guaidó, referindo-se às eleições de maio do ano passado, quando Maduro foi eleito em eleições consideradas fraudulentas pela oposição e diversos governos.

A perseguição política tem feito a Assembleia Nacional encolher; no total, pelo menos 19 parlamentares não podem representar os venezuelanos que os elegeram, segundo o jornal Efecto Cocuyo. Há casos de deputados detidos, refugiados em embaixadas ou outros países, e até um desaparecimento - o parlamentar Gilber Caro, que foi detido pela Sebin, a polícia política de Maduro, está desaparecido desde 26 de março.

A grave crise na Venezuela já obrigou 3,7 milhões de venezuelanos a deixarem o país, o que representa 11,6% da população, e a maioria deles precisa de proteção internacional para refugiados, informou nesta terça-feira, 21, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). A agência pediu que outros países não os deportem. (Com agências internacionais)

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