Nas últimas semanas, Caryslia Beatriz Rodríguez havia se tornado uma figura central no cenário político e jurídico da Venezuela. A juíza nasceu no estado venezuelano de Aragua e é formada em Direito pela Universidade Central da Venezuela (UCV). Rodríguez também possui um mestrado em Direito Penal Militar pela Universidade de Nova Esparta e especializações nas áreas de Segurança e Defesa.
Atualmente, Rodríguez é a presidente do Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela (TSJ), a mais alta corte do país sul-americano. Neste cargo, ela tem se destacado por sua grande lealdade ao regime de Nicolás Maduro e ao chavismo. Nesta quinta-feira (22), o TSJ, sob o comando de Rodríguez, confirmou os resultados fraudados da eleição do dia 28 de julho, que deram a vitória para o ditador Maduro.
Rodríguez iniciou sua carreira como consultora jurídica no Instituto Postal Telegráfico da Venezuela (Ipostel) em 2014 e rapidamente começou a se destacar na política local. Em 2018, a magistrada alcançou seu primeiro cargo público ao ser eleita como conselheira (similar ao cargo de vereador) do município de Libertador, que fica localizado na zona administrativa de Caracas.
Rodríguez disputou este cargo pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), do qual faz parte o ditador Maduro. Opositores dizem que ela ainda é um membro ativo do partido chavista.
Pouco tempo após conquistar o cargo de conselheira municipal em Libertador, Rodríguez assumiu a presidência do Conselho Municipal de Caracas e, em agosto de 2021, tornou-se prefeita interina da capital venezuelana após a renúncia da então títular Erika Farías.
Sua ascensão ao Tribunal Supremo da Venezuela ocorreu em abril de 2022, quando foi nomeada magistrada da Sala Eleitoral do TSJ. Neste cargo, Rodríguez desempenhou um papel significativo na suspensão das eleições primárias da oposição em 2023, atendendo a um pedido feito pelo opositor de fachada José Brito, que alegou que o processo estava recheado de “violações da Constituição e das normas eleitorais”.
A decisão de Rodríguez foi criticada pelos opositores de fato do chavismo, reunidos na Plataforma Unitária Democrática (PUD). Conforme os opositores, o ato consolidou o papel da juíza como uma figura controversa no sistema judicial venezuelano, demonstrando que ela sempre estaria alinhada com os interesses do regime de Maduro.
Em janeiro deste ano Rodríguez alcançou seu posto mais alto dentro da corte: o cargo de presidente. Ela substituiu Gladys Gutiérrez, outra chavista que estava ocupando a posição desde 2022.
Sua nomeação para o cargo de presidente do TSJ foi criticada por opositores devido a sua fervorosa militância partidária e por seu histórico de cargos políticos pelo PSUV antes de assumir funções na corte suprema.
Na posição de presidente, Rodríguez segue sendo uma fiel aliada do regime de Caracas e envolvida em controversas decisões que sempre favorecem o ditador Maduro.
Recentemente, um vídeo da juíza viralizou nas redes sociais. Nele, Rodríguez pede abertamente votos para Maduro nas eleições que ainda iriam ocorrer no dia 28 de julho, que foram marcadas pela fraude chavista, arbitrariedade e falta de transparência.
A trajetória de Rodríguez é um reflexo da atual estreita relação entre o poder judicial e o poder político na Venezuela, destacando a influência persistente do chavismo no sistema de governança do país.
Rodríguez foi quem atendeu a um pedido de Maduro para que o TSJ “verificasse, esclarecesse e validasse” os resultados divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que também é comandado por chavistas.
O CNE diz que Maduro venceu as eleições do dia 28 de julho e disse que entregou as atas para o TSJ verificar, no entanto, não as divulgou publicamente, como manda a legislação. A oposição discorda dos resultados fornecidos pelo órgão chavista e disse que o opositor representante da PUD, Edmundo González Urrutia, foi quem venceu a disputa com mais de 60% dos votos.
Neste mês, Rodríguez convocou todos os candidatos que disputaram o pleito de 28 de julho para que tratassem o assunto “pessoalmente” com ela na corte. González não atendeu o pedido da juíza, afirmando que o TSJ estava "ultrapassando suas funções constitucionais" e que a corte atualmente é parcial, justamente por ter como presidente uma forte aliada do chavismo.
Por conta disso, Rodríguez chegou a ameaçar o opositor, afirmando que sua ausência poderia resultar em severas punições. Esse ato foi interpretado pela PUD como uma manobra para que o TSJ não apenas determinasse a prisão de González, mas também de María Corina Machado, como pode ocorrer agora após a validação da fraude chavista.
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