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Rebeldes sírios tomaram o controle total de um importante cruzamento de rodovias no noroeste do país, o que limita ainda mais a capacidade de o governo reforçar suas tropas em Alepo, informou nesta sexta-feira (2) o Observatório Sírio para os Direitos Humanos. Os combatentes rebeldes forçaram as tropas a recuar de seu último reduto na cidade de Saraqeb, onde as principais estradas para Alepo a partir de Damasco e da costa do Mediterrâneo se encontram. Saraqeb é uma cidade de 30 mil habitantes na província de Idlib. A conquista dos insurgentes sírios, contudo, foi manchada pelo massacre de pelo menos 10 soldados capturados, mortos a tiros em meio aos escombros em uma execução que deve ter acontecido na quinta-feira. A Anistia Internacional disse que as imagens, divulgadas ontem, são "chocantes". O Observatório Sírio pelos Direitos Humanos também criticou com veemência a atrocidade.

Nesta sexta-feira, os insurgentes sírios teriam cometido mais uma atrocidade, ao executarem a líder da guerrilha curda em Alepo, Shaha Ali Abdu, conhecida pelo codinome de Nujeen Dirik, de 42 anos. A execução, condenada por nacionalistas curdos, poderá alienar os rebeldes do apoio da importante minoria curda, que representa 10% da população síria.

"O exército recuou de seu último posto de controle na área de Saraqeb", disse Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório. Na quinta-feira, as tropas do governo perderam quase todos os postos de controle, ficando com apenas três na província de Idlib. Os rebeldes mataram ao menos 28 soldados durante a ofensiva no local, informou então o Observatório.

O vídeo divulgado na quinta-feira aumentou as preocupações a respeito da brutalidade que também é praticada por rebeldes sírios, às vésperas de uma conferência no Catar, que ocorrerá neste final de semana e onde os Estados Unidos tentarão unificar a oposição síria.

O vídeo mostra um grupo de soldados capturados em Saraqeb e reunidos pelos rebeldes em um prédio que parece estar em construção ou ter sido atingido por bombaras, cheios de escombros no chão. Os presos, alguns feridos, são obrigados a se deitar. Alguns estão com uniformes do exército sírio. "Esses são os cachorros do Assad", diz um dos homens armados. Os homens deitados levam chutes e murros. Um deles diz "por Deus, eu não atirei em ninguém". "Maldito. Vocês não sabiam que nós somos do povo?", responde um dos rebeldes. Logo depois, os homens são mortos com rajadas de armas automáticas, à queima-roupa. Aparentemente, cerca de 10 homens foram executados.

O vídeo é titulado "prisioneiros e mortos no posto de controle de Hmeisho". Na quinta-feira, o Observatório Sírio reportou que 12 homens foram mortos em Hmeisho, na periferia de Saraqeb. Esse era um dos três postos conquistados pelos rebeldes. O Observatório diz que quinta-feira foi um dia com pesadas baixas para as tropas de Assad, com um total de 83 militares do governo mortos ao redor do país, metade na província de Idlib.

A autenticidade do vídeo não foi confirmada. A Anistia Internacional, grupo de defesa dos direitos humanos baseado em Londres, tenta verificar a autenticidade do vídeo e as identidades dos mortos. A Human Rights Watch, sediada em Nova York, tenta verificar o mesmo. Ambos os grupos condenaram de maneira veemente a execução.

Rami Abdul Rahman, diretor do Observatório Sírio, questionou como os insurgentes podem pedir que seus direitos sejam respeitados e tentem derrubar um regime violento, enquanto não respeitam os direitos humanos dos outros.

O Alto Comissariado dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, em Genebra, disse que o vídeo parece uma prova de que são cometidos crimes de guerra também pelos rebeldes na Síria.

"Infelizmente, essa pode ser a mais recente execução documentada na Síria. Essas execuções estão sendo feitas pelos insurgentes, por tropas do governo e pela Shabiha (milícia pró-governo, "Fantasmas" em árabe). As pessoas que estão cometendo esses crimes não devem ter ilusões porque um dia terão que prestar contas aos tribunais internacionais", disse Rupert Colville, porta-voz do Alto Comissariado da ONU em Genebra. As informações são da Associated Press Dow Jones.

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