Nicolás Maduro, declarado reeleito pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela sem apresentar atas de votação, deu um novo passo para tornar sua ditadura ainda mais escancarada com a construção de centros prisionais de segurança máxima para os manifestantes detidos nos protestos pós-eleitorais.
“Decidi criar duas prisões de segurança máxima para todas as gangues de nova geração [como se refere aos venezuelanos críticos do regime] que estão envolvidas em guarimba [termo pejorativo usado pelo chavismo para chamar a oposição] e ataques criminosos. E não há perdão no quadro da Constituição e das leis para isso. Vamos fazer uma aposta para ver se estas prisões conseguem a reeducação, e convertê-las em espaços produtivos, para que possam produzir e trabalhar […] Há muitos caminhos a seguir”, anunciou o ditador.
O pronunciamento provocou duras críticas de oposição ao seu regime nas redes sociais. Entre elas estavam a de políticos colombianos, que foram os primeiros a fazerem conexões entre os centros prisionais para reeducação e campos de concentração nazistas, para onde eram levados judeus e outras comunidades consideradas "inimigas do Estado" alemão, durante a Segunda Guerra Mundial.
Um dos primeiros a fazer a comparação foi o diretor do Movimento Salvação Nacional e ex-candidato presidencial da Colômbia, Enrique Gómez Martínez, que classificou Maduro em seu perfil no X como o "carniceiro de Caracas".
”O narcoditador Nicolás Maduro anuncia a criação de campos de concentração ao melhor estilo nazista. Ele usa o eufemismo “bandas de nova geração” para se referir à oposição. Pretende encarcerar e 'reeducar’ mais de 70% da população que o despreza? O carniceiro de Caracas se soltou com confiança após a carta de apoio à ditadura de Lula, Petro e Amlo”, disse o ex-candidato presidencial, citando a declaração dada pelo três países citados pedindo a Maduro para que divulgasse as atas de votação, depois de dias se esquivando de se posicionar.
Os novos centros prisionais anunciados pelo sucessor de Hugo Chávez se assemelham aos de regimes comunistas, como o cubano e norte-coreano, países que usam essa estratégica repressiva para combater os opositores, a fim de "reeducá-los" nas diretrizes das ditaduras.
Entre 1964 e 1967, a ditadura cubana deu à Unidade Militar de Apoio à Produção (UMAP) a responsabilidade de gerenciar esses campos de concentração.
O espaço funcionava como os gulags soviéticos. Eram enviados para esses campos todo tipo de oposição ao regime: políticos, religiosos e criminosos comuns. Lá, os prisioneiros sofriam maus tratos, fome e isolamento.
Na China, o Partido Comunista que lidera o país, já recebeu diversas denúncias por utilizar centros de detenção para torturas contra muçulmanos uigures.
Um artigo do portal Daily Signal, do ano passado, expôs a violência sofrida pelo povo uigur nas mãos das autoridades chinesas por meio de entrevistas exclusivas com sobreviventes de um desses campos de prisioneiros administrados por Pequim. As denúncias citam esterilização, tortura com choques elétricos, agressões sexuais e lavagem cerebral.
Uma realidade semelhante é vista ainda hoje na Coreia do Norte, país liderado pelo comunista Kim Jong-un, que mantém campos de trabalhos forçados e de "reeducação ideológica" cheios de prisioneiros políticos, cristãos e até crianças.
Os opositores do regime, que são fortemente perseguidos no recluso país da península coreana, enfrentam longas jornadas de trabalho, fome permanente, casamentos forçados e, segundo relatos de guardas que deixaram esses campos posteriormente, também ocorria o assassinato de bebês, fruto de estupros de prisioneiras.
Em fevereiro, o portal sul-coreano Daily NK Reports informou que o regime comunista reabriu um campo de trabalhos forçados que estava fechado desde a década de 1980.
Assim que assumiu a liderança suprema do país no lugar de seu pai, em 2011, Jong-un autorizou uma série de prisões no país. Muitos opositores à ditadura, incluindo seu tio, foram executados, enquanto outros foram enviados para campos de trabalho forçado.
Ongs internacionais que acompanham a situação da península coreana denunciam que há informações de famílias inteiras estão encarceradas nesses centros prisionais.
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