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O novo presidente chileno acena para seus eleitores logo após receber a faixa presidencial, em Valparaíso, cidade onde está localizada a sede do Congresso | Claudio Santana/AFP
O novo presidente chileno acena para seus eleitores logo após receber a faixa presidencial, em Valparaíso, cidade onde está localizada a sede do Congresso| Foto: Claudio Santana/AFP

Direto do Chile

Tremendo de medo

Celio Martins, enviado especial, editor de Mundo

Para os jornalistas estrangeiros o dia da posse do presidente Sebatián Piñera foi horrível. A cada instante uma nova réplica do terremoto balançava tudo. Era quase impossível se concentrar. Agora mesmo, enquanto escrevo, a produtora de tevê Francisca Alvarez, na mesa ao lado, me chama a atenção. Está "temblando", diz ela. E todos olham para os objetos, computadores, lâmpadas, balançando.

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A posse do multimilionário Se­­bastián Piñera na Presidência do Chile tinha pelo menos um motivo para ser um fato histórico até ontem pela manhã. Afinal, depois de 20 anos de governo da centro-esquerdista Concertación, um novo grupo político chegou ao po­­der. Mas 21 minutos antes da cerimônia oficial os motivos aumentaram. Um novo tremor que atingiu a região central do país transformou o que seria uma festa em desespero.

O ato de transferência de poder foi mantido, apesar do pânico en­­tre os presentes por causa das cons­­tantes réplicas do terremoto que balançavam o prédio do Con­­gres­­so Nacional, em Valparaíso, ci­­da­­de litorânea a 120 km de San­­tiago.

Alertado por auxiliares das consequências dos novos abalos sísmicos, Piñera nem bem recebeu a faixa presidencial de Mi­­chelle Bachelet e começou a agir. O almoço com as delegações es­­trangeiras, previsto no protocolo da festa, foi apenas simbólico para o presidente, que permaneceu à mesa por poucos minutos e não chegou nem a comer. Ele embarcou imediatamente para Ranca­­gua, cidade mais atingida pela réplica de ontem. De lá partiu pa­­ra Concepción, a segunda maior cidade do Chile e uma das mais afetadas pelo terremoto do dia 27.

Os novos abalos sísmicos pegaram a equipe do novo governo de surpresa. Temendo o que ocorreu no grande tremor do dia 27, quando o governo de Bachelet errou ao não alertar a população das re­­giões costeiras sobre os riscos de ma­­remotos, os auxiliares de Pi­­ñera agiram rápido ontem. Assim que foi confirmado o abalo sísmico em Rancagua, a Oficina Nacio­­nal de Emergências (Onemi) di­­vulgou alerta de tsunami. As sirenes provocaram correria em vá­­rias cidades, com as pessoas desesperadas sem saber o que fazer. Muitas fugiram para lugares mais altos. Poucas horas depois o alerta foi suspenso.

O tremor mais forte de ontem teve intensidade de 6,9 graus. Até o início da noite já haviam sido registradas 12 réplicas do tremor em várias cidades, incluindo a capital. Além de danos em estradas, os abalos interromperam mo­­mentaneamente os serviços de comunicação de parte do país. Não houve registro de mortes.

Medidas

Pressionado pela urgência em atender as vítimas dos terremotos, durante as visitas a Rancagua e Concepción o novo presidente anunciou que foram estabelecidas algumas prioridades, entre elas encontrar os desaparecidos, restabelecer os serviços básicos e reformular o programa de go­­ver­­no divulgado antes da catástrofe.

Na prática, no entanto, Piñe­­ra anunciou pouco. A principal me­­dida prevê o envio ao Con­­gresso de um projeto de lei para distribuir bônus de 40 mil pesos (R$ 150) a cada família atingida pela tragédia. Cerca de 4,2 mi­­lhões de pessoas devem ser be­­neficiadas.

Demonstrando ser bom de re­­tórica, o novo chefe de Estado chi­­­­leno declarou que "o bônus não significa nada diante da dor, mas é um alívio a quem mais precisa".

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