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Segundo o jornalista americano Glenn Greenwald, documentos indicam ainda que os EUA podem ter tido acesso ao conteúdo de mensagens de estrangeiros, contrariando o que alega o governo norte-americano | Lia de Paula / Agência Senado
Segundo o jornalista americano Glenn Greenwald, documentos indicam ainda que os EUA podem ter tido acesso ao conteúdo de mensagens de estrangeiros, contrariando o que alega o governo norte-americano| Foto: Lia de Paula / Agência Senado

O jornalista americano Glenn Greenwald, que trabalha para o jornal britânico "Guardian", afirmou nesta terça (5), em audiência no Senado brasileiro, que o ex-técnico da CIA Edward Snowden "é um herói na China".

Snowden é o autor do vazamento de dados secretos do governo americano que teria demonstrado uma imensa e desconhecida extensão do aparato de espionagem do país, e Greenwald é o jornalista que recebeu os dados e publicou as primeiras reportagens sobre o assunto.

Greenwald diz que, até agora, divulgou apenas uma pequena parte cerca de 20 mil documentos que Snowden lhe forneceu e que os papéis provam que a espionagem americana não se limita a questões de segurança nacional e ao combate ao terrorismo.

O jornalista é categórico em dizer que os papéis revelam monitoramento de contratos e acordos industriais.

"Tem muito pouco sobre segurança nacional ou terrorismo. Snowden já mostrou documentos, mostrou que o governo americano está invadindo muitas entidades privadas na China e em Hong Kong", disse.

Indicam ainda que os EUA podem ter tido acesso ao conteúdo de mensagens de estrangeiros, contrariando o que alega o governo norte-americano.

Greenwald afirmou hoje que investiga acordos firmados entre uma grande empresa de telecomunicação dos EUA com empresas do setor, entre elas brasileiras. A suspeita é que essa gigante americana tenha acesso a dados em diferentes países.

"Tem um empresa de telecomunicações muito grande nos EUA que mantém acordos com outras empresas, entre elas brasileiras. Ajuda a construir sistemas e, em troca, tem acesso a cabos. Podem coletar e estão coletando dados que viajam nesses cabos", disse, sem identificar as empresas porque, segundo ele, ainda apura o caso.Para o jornalista, é muito difícil acreditar que as empresas brasileiras não saibam que seus dados estejam sendo coletados. "Não posso obrigar as empresas a falarem quais são os acordos. O governo brasileiro pode", disse.

Além de jornalista, Greenwald, 46, é também advogado e chegou a trabalhar para um grande escritório em Nova York antes de abandonar a carreira. Em 2005, inaugurou um blog, onde sempre publicou matérias sobre segurança nacional e liberdade civil. Ele contribuiu por muitos anos para a revista digital "Salon" e hoje é repórter e colunista do jornal britânico "The Guardian".

Foi no Brasil que Greenwald colheu a maior parte das denúncias do ex-técnico da CIA sobre o esquema de espionagem internacional da NSA, sigla da Agência de Segurança Nacional dos EUA. Ele vive e trabalha no Rio de Janeiro há oito anos.

Greenwald já havia dito que Snowden tem informações capazes de "causar mais prejuízos ao governo americano". O principal objetivo das denúncias é mostrar os softwares usados para monitorar pessoas de todo o mundo que não fazem ideia de que seus passos nos computadores estão sendo violados.

De acordo com as denúncias, para monitorar os dados foram usados diferentes softwares, entre eles o X-Keyscore podem ver o histórico de navegação e quase tudo o que os internautas fazem.

"O X-Keyscore é o sistema mais poderoso, mais assustador", disse o jornalista.

Os EUA alegam que não acessam conteúdo de telefonemas e emails, apenas o que chamam de "meta-dados" - informações como origem e destino e duração ou tamanho das mensagens.

O embaixador do Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, já afirmou a autoridades brasileiras que o governo norte-americano intensificou as ações de controle de informações após os atentados de 11 de setembro de 2001, por isso usa como justificativa as ações antiterroristas para a realização da "espionagem".

Greenwald contraria as afirmações do governo dos EUA. "Os meta-dados representam uma invasão grande da privacidade. Posso saber muito sobre sua atividade, sobre sua vida. Mas não é só meta-dado. O governo [norte-americano] tem como invadir muito email", disse hoje.

Asilo

Para o jornalista, o fato de apenas três países terem oferecido asilo a Snowden é um indicativo de que, apesar de se dizerem indignados com as notícias de espionagem, muitos governos se favorecem das informações coletadas.

Snowden conseguiu asilo temporário de um ano na Rússia na semana passada, após passar mais de um mês no aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou.

Enquanto os EUA pedem sua extradição por roubo de dados sigilosos e espionagem, um grupo de senadores russos querem grupo de senadores russos que o técnico trabalhe com proteção de sistemas de dados.

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