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O jornalista iraquiano que jogou os sapatos no presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, para insultá-lo se tornou o principal assunto do país nesta segunda-feira.

O antes pouco conhecido repórter xiita, que disse sentir raiva de Bush por causa dos milhares de iraquianos que morreram após a invasão do país liderada pelos Estados Unidos em 2003, já havia ocupado as manchetes em 2007, quando foi brevemente sequestrado por homens armados.

O repórter de televisão Muntazer al-Zaidi continuava detido nesta segunda-feira, acusado pelo governo iraquiano de um ato de barbárie. Mas para os nacionalistas, ele foi exaltado como herói nacional.

A empresa em que Zaidi trabalha, a TV independente al-Baghdadiya, exigiu sua soltura. Manifestantes também protestaram a favor do jornalista na Cidade Sadr, bairro de Bagdá, no bastião xiita de Basra, no sul, e na cidade sagrada de Najaf, onde alguns atiraram sapatos em um comboio norte-americana.

"Graças a Deus, o ato de Muntazer enche os corações do Iraque de orgulho", disse à TV Reuters o irmão do repórter, Udai al-Zaidi, exigindo que o governo o liberte.

"Tenho certeza que muitos iraquianos querem fazer o que Muntazer fez. Ele costumava dizer que Bush é o responsável por todos os órfãos cujos pais foram mortos", acrescentou.

Zaidi gritou para Bush que o ato era "um beijo de despedida do povo iraquiano, cachorro", durante entrevista coletiva do presidente norte-americano e do primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki. O episódio ocorreu no domingo, durante uma visita surpresa do presidente norte-americano antes de deixar o cargo.

Após gritar, o jornalista jogou um sapato em Bush, que se abaixou. Em seguida, atirou o outro, que passou por cima da cabeça de Bush e bateu na parede atrás. Jogar os sapatos em alguém é o pior insulto possível no mundo árabe.

Zaidi resistiu e gritou, mas foi retirado da sala à força por membros da segurança. Ele podia ser ouvido enquanto gritava do lado de fora da sala, ao mesmo tempo em que a entrevista continuava após alguma confusão momentânea.

"BARBÁRIE"

O governo iraquiano disse que Zaidi cometeu um "ato ignominioso e bárbaro", que não corresponde ao papel da mídia.

"Ele tentou atacar o presidente visitante", disse o centro de mídia do conselho de ministros em comunicado.

"Ao mesmo tempo em que condenamos esse ato ignominioso, pedimos ao canal de televisão que emprega esse repórter que conceda desculpas públicas por esse ato que mancha a reputação de todos os jornalistas iraquianos e de toda a mídia."

A rede al-Baghdadiya exigiu a liberação imediata de Zaidi, "de acordo com a era democrática e com a liberdade de expressão que as autoridades norte-americanas prometeram aos iraquianos".

O canal afirmou que qualquer medida mais dura contra o repórter será uma lembrança da "era ditatorial"; contra a qual Washington disse ter invadido o Iraque.

Zaidi, com pouco menos de 30 anos, passou dois dias vendado e quase sem alimentos em novembro de 2007 após ser capturado por dois homens armados enquanto ia para o trabalho.

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