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Arquivo: Governador de Maryland, o republicano Larry Hogan| Foto: SAUL LOEB/AFP

Algumas figuras do Partido Republicano aumentaram a pressão para que o presidente Donald Trump aceite a derrota nas eleições e conceda uma transferência de poder para o democrata Joe Biden. Nos tribunais, os advogados do presidente falharam em provar que houve fraude generalizada na votação e na apuração, colecionando derrotas nos últimos dias – embora casos ainda estejam tramitando. Contudo o presidente ainda conta com o apoio, ou o silêncio, da maioria das figuras públicas do partido.

Os dois últimos conselheiros de Segurança Nacional dos EUA, o general Herbert McMaster e John Bolton, criticaram o comportamento do presidente em aparições na TV. "Biden tomará posse em janeiro. A verdadeira questão é o tamanho do prejuízo que Trump pode causar antes que isso aconteça", afirmou Bolton no programa State of the Union, da CNN. "No momento, Trump está jogando pedras nas janelas. Ele é tipo um vândalo da política".

Ao programa Face the Nation, da CBS, McMaster disse que os esforços de Trump são "prejudiciais" e alertou que suas ações estavam semeando dúvidas entre o eleitorado. "Ele está fazendo o jogo dos nossos adversários", disse o general. "A Rússia, por exemplo, não se importa com quem vence, desde que muitos americanos duvidem do resultado, minando a democracia dos EUA."

O governador de Maryland, o republicano Larry Hogan, também disse que Biden seria empossado no dia 20 de janeiro. "Estou envergonhado com a falta de liderança do partido em se manifestar reconhecendo o resultado da eleição", disse Hogan. "Os EUA costumavam monitorar eleições em todo o mundo, mas agora estamos começando a parecer uma república das bananas".

Trump parece ficar cada vez mais isolado, com alguns senadores e alguns deputados apenas repetindo suas alegações de fraude generalizada na eleição. No domingo (22), pelo menos três senadores republicanos – John Cornyn, Pat Toomey e Kevin Cramer – vieram a público dizer que é hora de começar a transição e Biden receber os relatórios de segurança.

Chris Christie, ex-governador de New Jersey e um aliado do presidente, disse que as ações legais da campanha eram um "constrangimento". "Eu apoiei o presidente. Votei nele duas vezes. Mas as eleições têm consequências e não podemos continuar a agir como se tivesse acontecido alguma coisa que não aconteceu", afirmou.

Um dos mais duros com o presidente foi o deputado Fred Upton, de Michigan. Segundo a apuração que deve ser certificada nesta segunda-feira (23), Biden venceu no estado por mais de 150 mil votos de vantagem. Trump, porém, vem pressionando o Legislativo estadual – de maioria republicana – para ignorar o resultado das urnas e escolher eleitores fiéis a ele no colégio eleitoral.

"Os eleitores deram o veredicto. Ninguém apresentou qualquer evidência de fraude ou abuso. Todos os 83 condados certificaram seus resultados eleitorais. Eles serão tabulados oficialmente ou deveriam ser amanhã (hoje). Esperamos que esse processo avance e deixe os eleitores, não os políticos, darem a palavra final", afirmou o deputado no programa Inside Politics, da CNN.

A certificação dos resultados é uma espécie de ato administrativo final que chancela a vitória do candidato com mais votos no estado. Na sexta-feira, a Geórgia certificou a vitória do democrata. Hoje, será a vez de Michigan e Pensilvânia. Amanhã, Minnesota e Nevada.

A última derrota de Trump nos tribunais ocorreu na Pensilvânia. O juiz Matthew Brann rejeitou o pedido para descartar quase 7 milhões de votos com uma sentença dura. "Esta ação é como o monstro de Frankenstein, foi costurada ao acaso, a partir de duas teorias distintas, em uma tentativa de evitar os precedentes", escreveu. No fim de semana, o presidente perdeu outros processos judiciais na Geórgia, Michigan e Arizona.

Apesar da crescente pressão, Trump ainda conta com o apoio de proeminentes republicanos, como o senador Lindsey Garaham, que no fim de semana pediu por uma auditoria das assinaturas nas cédulas de votação por correio na Geórgia. A popularidade de Trump, que fez mais de 70 milhões de votos na eleição, é um dos motivos pelos quais os republicanos estão evitando bater de frente com o presidente publicamente.

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