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A Rússia afirmou nesta sexta-feira (31) que fornecerá mais de dez aviões de combate Mig 29MM2 à Síria, mas não detalhou se já enviou a Damasco os mísseis antiaéreos S-300, como anunciou na quinta-feira (30) o presidente sírio, Bashar al Assad.

"A delegação síria está estes dias em Moscou, estão sendo finalizados os detalhes do contrato. Acho que serão fornecidos à Síria", revelou Sergei Korotkov, diretor-geral do consórcio russo que fabrica esses caças, citado pela agência "Interfax".

O anúncio foi feito um dia depois que Assad declarou à televisão libanesa "Al-Manar" que seu país já havia recebido uma primeira carga de mísseis S-300 procedentes da Rússia.

As polêmicas declarações do presidente sírio sobre os S-300 não tiveram resposta alguma por parte das autoridades russas, que até agora nem confirmaram nem desmentiram as palavras de seu aliado.

"Não queria fazer comentários sobre nada concreto. Não sei de que verba se trata", respondeu hoje Yuri Ushakov, assessor do presidente russo, Vladimir Putin, à pergunta dos jornalistas sobre o anúncio de Assad.

Acrescentou, no entanto, que os contratos sobre provisões de armas assinados entre a Rússia e a Síria "se cumprem, à medida que vencem os prazos" estipulados.

Embora a Rússia tenha defendido o fornecimento de armas a Damasco com o argumento que se trata de vendas a autoridades legítimas, várias fontes próximas à indústria militar russa e ao consórcio estatal de exportação de armamento (Rosoboronexport) descartaram que os S-300 estejam já na Síria.

"As provisões dos S-300 não poderiam começar antes do outono. Embora tecnicamente seja possível, muito dependerá do desenvolvimento da situação na região e da postura dos países ocidentais em relação à pacificação do conflito sírio", disse hoje à agência "Interfax" o especialista próximo a Rosoboronexport.

Moscou poderia inclusive congelar as provisões desses modernos sistemas de defesa antiaérea à Síria, da mesma forma que já fizesse no passado com os complexos de mísseis táticos Iskander, segundo o especialista consultado pela "Interfax".

"A Síria tinha muito interesse em receber esses complexos, e estava disposta a pagar o que fosse por eles, mas a Rússia decidiu suspender a provisão para não desestabilizar a região", explicou.

Lembrou, no entanto, que a ativação de ataques aéreos contra o país árabe por parte de seus vizinhos e o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea sobre a Síria poderia agilizar os envios dos S-300 ao regime de Assad.

O vice-ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov, deixou claro que os S-300 são um "fator de contenção" frente a uma eventual intervenção militar exterior no país árabe.

Outra fonte próxima à indústria militar, citada hoje em artigo do jornal russo "Védomosti", assegurou que a Síria não recebeu ainda os mísseis antiaéreos e acrescentou que atualmente não se sabe se os quatro S-300 prometidos por Moscou chegarão neste ano à Síria.

Igualmente, a fonte do jornal russo ressaltou que quatro S-300 não permitirão a Damasco salvar suas instalações dos bombardeios aéreos da Otan ou de Israel, se esses chegam a acontecer.

"Se levamos em conta o tamanho do território sírio, são necessários entre 10 e 12 sistemas S-300. Eles permitiriam cobrir com garantias todo o país", explicou a "Interfax" o ex-chefe do Estado-Maior das Forças Aéreas russas, o general Anatoli Korkunov.

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