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O presidente da França, Nicolas Sarkozy, tentando deixar para trás um escândalo de doações políticas ilegais, pediu que um ministro envolvido no caso deixe o cargo de tesoureiro do partido UMP.

Sarkozy disse que o ministro do Trabalho, Eric Woerth, foi inocentado em um relatório oficial e continuará encarregado da crucial reforma previdenciária, mas que seria conveniente deixar o cargo no partido. "Conversei com Eric Woerth e pedi a ele que se dedique exclusivamente a esta importante reforma das pensões (...). Meu conselho a ele é não exercer mais essa responsabilidade (de tesoureiro)", disse o presidente numa entrevista pela TV.

O governo pretende elevar o tempo de contribuição previdenciária e a idade mínima da aposentadoria, de 60 para 62 anos, a fim de evitar que o país entre numa espiral de dívida comparável à de Grécia e Portugal. Os sindicatos franceses estão preparando grandes mobilizações em setembro contra a reforma.

Sarkozy sugeriu que os ataques a Woerth são motivados pela oposição à reforma, e afirmou que não irá alterar o seu gabinete antes que o projeto seja aprovado, o que deve ocorrer em outubro. Também só depois disso, no segundo semestre de 2011, ele irá decidir se concorrerá em 2012 a um segundo mandato de cinco anos.

Uma ex-contadora de Liliane Bettencourt, herdeira do grupo L'Oréal, disse recentemente à polícia que a bilionária e seu falecido marido fizeram durante anos doações ilegais a políticos conservadores, inclusive para a eleição de Sarkozy em 2007. Segundo a contadora, Wuerth teria recebido 150 mil euros. Os envolvidos negam.

Horas antes da entrevista de Sarkozy, as casas de Bettencourt, de 87 anos, e do fotógrafo François-Marie Barnier, amigo dela, foram revistadas pelas autoridades.

O Ministério Público disse que sete imóveis foram vasculhados, e testemunhas disseram que no final da noite uma casa anexa à mansão de Bettencourt no bairro de Neuilly continuava ocupada por agentes.

A oposição pede a nomeação de um magistrado independente para investigar o caso. Sarkozy disse que o promotor encarregado do caso tem independência suficiente, apesar de ser seu amigo.

Um relatório do Ministério das Finanças inocentou Wuerth de qualquer ilegalidade, mas uma pesquisa realizada antes da divulgação desse relatório mostrou que apenas 28 por cento dos entrevistados confiam no ministro.

O escândalo contribuiu com a vitória da esquerda numa eleição suplementar no domingo, reduzindo a maioria do governo no Parlamento.

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