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Resgate

Tropas dos Estados Unidos chegam ao palácio presidencial do Haiti

Agência Estado

Tropas norte-americanas desceram de helicóptero e tomaram controle do que sobrou do palácio presidencial do Haiti, ontem. Aproximadamente 50 paraquedistas chegaram ao local, em pelo menos quatro helicópteros, para garantir a segurança da residência do Executivo do país.

Antes um elegante edifício branco no centro da cidade, agora o palácio está bastante danificado pelo terremoto do dia 12.

Além disso, o que sobrou da construção está cercado por um grande campo de refugiados.

A chegada dos paraquedistas foi a mais arrojada até o momento, na missão militar dos EUA para ajudar Porto Príncipe. Algumas pessoas que acompanhavam a operação, porém, reclamaram dela, vendo essa tomada do palácio como uma afronta à soberania haitiana.

"É uma ocupação. O palácio é nosso poder, nossa face, nosso orgulho", disse o haitiano Feodor Desanges.

As operações emergenciais se justificam, já que, para a Organização das Nações Unidas, ainda é possível encontrar sobreviventes nos escombros do terremoto.

Segundo a porta-voz da ONU, Elizabeth Byrs, mais de 90 pessoas foram retiradas dos escombros com vida desde o dia 12.

      A violência no Haiti é uma das maiores preocupações da ONU no momento. Para evitar o tumulto decorrente do estado de calamidade em que se encontra o país caribenho, a Minustah, missão de paz das Nações Unidas no Haiti, já está inclusive se preparando para desarmar a população e recapturar os prisioneiros que fugiram das cadeias que desmoronaram com o tremor.

      O Exército brasileiro confirmou ontem que, "após ter atuado em apoio humanitário à população haitiana e com a chegada de especialistas em resgate", o batalhão do país já retomou a missão de pacificar o Hai­­ti. "A ideia é não deixar que a si­­tuação de segurança se agrave. Além de desarmar a população, será preciso prender de novo os criminosos que fugiram", afirmou Giancarlo Summa, diretor do Centro de Informações das Nações Unidas no Brasil.

      Relatos vindos de Porto Prín­­cipe, porém, garantem que a violência é bastante localizada e restrita a algumas poucas regiões. "Acho que a imprensa mundial está fazendo um desserviço porque está pintando um quadro de violência que não é verdadeiro. Nada que não seja facilmente comparável a como ficou Nova Orleans depois do furacão Katrina, por exemplo. Estou o tempo todo na área mais pobre e mais afetada da cidade, que é Cité Soleil, e, nem um segundo, enfrentamos esses problemas", disse o presidente da organização não governamental Viva Rio, Rubem César Fernandes, em entrevista ao site Terra Magazine.

      Até mesmo o brasileiro que está comandando a Minustah, o general Floriano Peixoto, afirmou, em videoconferência com autoridades de vários órgãos do governo reunidas no Itamaraty, que os casos mais graves de violência – confrontos e saques – não são generalizados e que as vias de Porto Príncipe estão desobstruídas, o que facilita a ação das forças de segurança. Em sua opinião, a situação também se mostra menos grave que a versão difundida pela imprensa.

      Ajuda

      Ainda que restrita, a violência pode significar o abandono pa­­ra quem está preso debaixo dos escombros. Ontem, o resgate de uma adolescente soterrada precisou ser suspenso devido à falta de segurança para as equipes de resgate. Segundo o bombeiro espanhol Francisco Pérez Rivas, que coordenava a equipe, soldados da ONU ordenaram aos bombeiros que deixassem o local e a garota acabou abandonada. "Fomos retirados à força", disse Rivas, emocionado, em entrevista à RTVE, canal de televisão estatal da Espanha.

      Em outro caso, a Cruz Ver­­melha informou que tentaria retomar a distribuição de auxílio na capital haitiana, após ter sido forçada a suspender a entrega dos produtos um dia antes em meio à tensão.

      Uma equipe "que estava en­­carregada da distribuição de itens não alimentícios, como utensílios de cozinha, teve que se retirar devido à temor de violência no distrito de Delmas", no noroeste de Porto Príncipe, afirmou Marçal Izard, porta-voz do comitê internacional da Cruz Vermelha em Genebra.

      Histórico

      A preocupação com a segurança decorre principalmente por dois fatores. Mesmo antes do terremoto, o Haiti já tinha uma das menores forças policiais em todo o mun­­do. Eram 63 policiais para cada 100 mil habitantes – um terço da média africana (180 para cada 100 mil) e menos de um quarto do índice da América Latina (285 a cada 100 mil). Segundo relatório do Banco Mundial de 2006, uma parcela significativa da polícia haitiana ainda está envolvida em atividades criminosas, como sequestros e roubos.

      O outro motivo a própria de­­bilidade da ONU, que considera o terremoto do dia 12 o maior de­­sastre já enfrentado pela organização. Além da desabamento de prédios da ONU, vários de seus representantes morreram devido ao tremor, inclusive o chefe da missão de paz no país, o tunisiano Hedi Annab.

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