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Campesinos sem-terra encerraram nesta segunda-feira (20) a trégua de 15 dias fechada com o presidente Fernando Lugo e anunciaram a invasão de fazendas produtoras de soja de brasileiros. O anúncio foi feito no departamento (Estado) de San Pedro, no norte do país.

Julio Franco, prefeito de Lima, advertiu durante entrevista à rádio Uno, de Assunção, que "neste lugar nós andamos com armas de fogo. Sou portador de um revólver calibre 38 e uma pistola 9 milímetros". Franco acrescentou que os sem-terra possuem escopetas e outras pessoas ameaçam comprar mais armas. Para o prefeito, há uma tensão entre os que querem a saída dos fazendeiros brasileiros e os que sustentam que na "democracia a justiça deve intervir". Franco se disse membro do segundo grupo.

"Essa luta tem vários cenários: um é político, porque nossa ideologia é a igualdade e não a manutenção do privilégio dos latifundiários", afirmou Ramón Medina, líder da Organização Luta pela Terra, de esquerda. Medina falou também em Lima, em San Pedro, 400 quilômetros ao norte da capital. Para Medina, há também o aspecto econômico: "Os campesinos não podemos seguir vivendo na pobreza, enquanto os invasores brasileiros cada dia têm mais propriedades paraguaias." O líder dos sem-terra disse que há uma previsão de aumento de mais de 400 mil hectares na produção de soja. "Isso é inadmissível", avaliou.

Medina concedeu entrevista à rádio católica Cáritas. Ele afirmou que os sem-terra fazem a tarefa do Estado, porque o poder é indiferente em relação a eles.

Porém Ruiz afirmou que está apenas querendo "aplicar a lei", que "garante a propriedade privada e castiga seus violadores". O prefeito disse ainda que "os agentes policiais se negam a atuar porque têm medo dos campesinos".

Alberto Alderete, diretor do governamental Instituto de Desenvolvimento e da Terra (Indert), confirmou que "em duas semanas começaremos a desalojar os estrangeiros que ocupam terras destinadas à reforma agrária". Alderete não revelou o método que seria usado nem se haveria indenizações aos brasileiros que cultivam terras no país - chamados de brasiguaios.

O funcionário admitiu que o governo "não tem dados precisos de quantos campesinos sem-terra há no Paraguai, porque nunca se fez um estudo, mas cremos que são 240 mil famílias que não têm terreno ou possuem uma propriedade menor que dez hectares, insuficiente para subsistir".

"De uma vez por todas queremos finalizar a reforma agrária", afirmou Alderete. "Acreditamos que a tarefa se encerrará no ano de 2023."

Alderete disse que as terras destinadas à reforma agrária, compradas por estrangeiros, serão recuperadas. "Infelizmente, esses compatriotas se viram obrigados a vender suas terras, de reforma agrária, assolados pela pobreza."

Lugo visita Bush

O presidente dos Estados unidos, George W. Bush, receberá na próxima segunda-feira (27) o presidente do Paraguai, Fernando Lugo, em Washington.

A Casa Branca disse que a ocasião permitirá a ambos a discussão de "uma série de temas, incluído o aprofundamento dos nossos esforços bilaterais para avançar no desenvolvimento econômico e justiça social, assistência ao Paraguai na luta contra a corrupção e expansão da economia paraguaia".

O encontro entre Bush e Lugo ocorrerá apenas uma semana antes das eleições presidenciais americanas de 4 de novembro.

Lugo, um ex-bispo católico, já esteve antes em Washington, mas como candidato. Ele será recebido como o político que colocou um final aos 61 anos de governo do Partido Colorado no Paraguai. Lugo disse que deseja estabelecer boas relações com todos os países do mundo e que com os EUA quer fortalecer os vínculos comerciais.

Lugo também pediu para não ser considerado como "outro Hugo Chávez", o presidente da Venezuela famoso por criticar os EUA.

Em 2006, a imprensa cubana informou que Bush havia comprado 40 mil hectares de terras no Paraguai para construir um rancho, perto da fronteira com o Brasil. As informações são da Associated Press.

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