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Primeira-ministra britânica, Theresa May, era alvo de extremista, que pretendia atacá-la em sua residência oficial | CLODAGH KILCOYNE/AFP
Primeira-ministra britânica, Theresa May, era alvo de extremista, que pretendia atacá-la em sua residência oficial| Foto: CLODAGH KILCOYNE/AFP

Ele sabia de quais suprimentos precisava, incluindo uma mochila esportiva preta e cinza da Carbrini e uma jaqueta com capuz. São itens típicos dos turistas que visitam o Reino Unido.

Ele tinha o tempo todo calculado. Se conseguisse passar pela porta, um sprint de 10 segundos o encontraria na porta mais famosa do mundo: a polida entrada preta da 10 Downing Street, o emblema do estado britânico. 

Uma vez lá dentro, Naa'imur Zakariyah Rahman esperava decapitar a moradora do prédio, a primeira-ministra Theresa May. 

Mas Rahman não era o único no plano. Compartilhou suas ambições com um homem, "Shaq", que se apresentou para os militantes do Estado Islâmico como alguém que consertava armas. Segundo a BBC, o suposto auxiliar extremista era, na verdade, um policial disfarçado que trabalhava com o MI5, o serviço de segurança interna britânico, e do FBI. 

A operação secreta conseguiu prender Rahman, 20, que foi declarado culpado, na quarta-feira, pelo tribunal de Old Bailey, em Londres, de preparar atos de terrorismo. Ele foi preso em novembro de 2017. A sentença ainda não foi anunciada. 

Monitoramento

O morador do Norte de Londres, que disse ser natural do Bangladesh e que teria a nacionalidade britânica, foi monitorado pelas autoridades há três anos por preocupações de que ele, criado em uma cidade industrial perto de Birmingham (centro da Inglaterra), fosse vulnerável à lavagem cerebral de seu tio, informou a mídia britânica. Seu tio, que deixou o Reino Unido em direção à Síria em 2014, pretendia persuadir seu sobrinho a realizar um ataque e enviou materiais para fabricar a bomba, segundo autoridades. 

Um ataque de drones, perto de Raqqa (Norte da Síria) matou o tio, Musadikur Rohaman, em junho de 2017. Foi quando Rahman soube da morte de seu parente, alegaram os promotores, que eke se dispôs a se vingar. Seu alvo tornou-se o primeiro-ministro do país, onde ele dormia na parte de trás de um carro, depois de brigas com sua mãe e outros parentes o deixaram sem lar. 

No mesmo ano, uma investigação sobre as denúncias de que Rahman enviou imagens obscenas para uma garota menor de idade apresentou evidências de que ele havia mantido contato com seu tio. Nunca foi acusado na investigação inicial, mas uma busca em seu telefone gerou preocupação de que ele havia desenvolvido pontos de vista extremistas, informou o jornal The Guardian. 

Operação secreta

A operação secreta começou quando Rahman fez contato com um agente do FBI que se fez passar por um funcionário do Estado Islâmico nas redes sociais. O oficial da inteligência americana apresentou-o aos agentes do MI5 fazendo se passar por colegas extremistas. 

"Você pode me colocar em uma célula adormecida o mais rápido possível?", pediu Rahman a membros dos serviços de segurança que aparecem como militantes islâmicos no aplicativo de mensagens Telegram. "Eu quero colocar uma bomba suicida no parlamento. Eu quero tentar matar Theresa May." 

 Ele reafirmou sua determinação no dia seguinte e escreveu: "Meu objetivo é eliminar meu alvo. Nada menos que a morte dos líderes do parlamento". 

O planejamento incluiu examinar os terrenos da administração pública britânica e entregar uma mochila e uma jaqueta ao policial disfarçado, que prometera costurar esses itens com explosivos. Em conversas com o oficial, elogiou o homem-bomba de Manchester que causou 23 mortes, incluindo ele próprio, em um show de Ariana Grande, meses antes. 

Leia também: Estado Islâmico tem US$ 3,6 bilhões para promover terrorismo

O evento foi um de uma série de ataques terroristas que atingiu o Reino Unido em 2017, colocando os serviços de segurança em alerta máximo. Um ataque aconteceu do lado de fora do Palácio de Westminster, a sede do Parlamento Britânico. 

Rahman parecia inspirar-se nesses ataques. "Queria deixar uma sacola no portão para que o portão explodisse um pouco, pudesse passar e logo correr, como se estivesse pensando em tomar alguém como refém até chegar à porta verdadeira", disse Rahman a Shaq, o policial disfarçado, em uma gravação apresentada no tribunal. 

A intenção, ele disse, era correr em direção a Theresa May. “Ela dorme ali todas as noites". Ele disse ao agente disfarçado que sua intenção era decapitá-la. 

Objetivo

O objetivo inicial de Rahman era obter um caminhão-bomba e armas de fogo, mas revisou seu planejamento porque não sabia dirigir nem disparar uma arma. Ele se contentou com armamento bruto ofereceu uma mochila e jaqueta para equipar-se para um ataque. No final de novembro, o agente devolveu a mochila e a jaqueta de Rahman com explosivos falsos. "Você sabe? Agora vi tudo o que é bom", disse Rahman ao oficial enquanto pegava os pertences, de acordo com a gravação apresentada no tribunal. 

Rahman foi detido enquanto se afastava da cena e disse depois: "Estou feliz que tenha acabado". 

Durante o julgamento, que começou em junho, os promotores disseram que acreditavam que Rahman estava a poucos dias de tentar realizar o plano de matar a primeira-ministra. O acusado disse aos jurados que seu planejamento não foi mais do que uma fantasia, e que estava apenas tentando impressionar homens que acreditava serem parceiros de seu tio. 

As precauções de segurança são projetadas para manter planos de se infiltrar na 10 Downing Street, a residência oficial do primeiro-ministro britânico, no reino da fantasia. A rua onde está fechada está localizada está fechada ao público desde 1989 e é fortemente vigiada. As defesas foram reforçadas depois que o Exército Republicano Irlandês (IRA, na sigla em inglês) lançou morteiros em uma tentativa de matar John Major, o primeiro-ministro na época, junto com membros do gabinete que discutiam a participação britânica na Guerra do Golfo.

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