Sexta-feira, 13 de novembro de 2015, 21h20 em Paris (18h20 de Brasília). Uma explosão é ouvida perto do Stade de France, ao norte de Paris. Duas outras se seguiram. No mesmo momento, cafés parisienses são metralhados e a casa de shows Bataclan se torna palco de um massacre. A França mergulha no terror.
Em Saint-Denis, na periferia norte, um partida de futebol amistosa é disputada entre as seleções da França e Alemanha. O público escuta a primeira explosão. Nada de pânico, o jogo continua. Mas o que o público não sabia era que um homem-bomba acabava de se explodir na parte externa do estádio. Às 211h50, um segundo ataque suicida, e logo depois um terceiro, às 21h53.
Um português de 63 anos, Manuel Colaco Dias, é morto. O primeiro dos 130 mortos desta noite terrível, durante a qual outras centenas de pessoas ficaram feridas. Presente nas arquibancadas do estádio, o presidente François Hollande é retirado do local e levado para Paris. Lá, nas ruas tomadas por uma juventude moderna que aproveita de uma suave noite de outono, o pesadelo se espalha.
Às 21h25, o restaurante Le Petit Cambodge e o bar Le Carillon, no nordeste da capital francesa, são metralhados. Três homens seifam vidas com tiros de kalashnikov. Aleatoriamente. Uma cena surreal, lembra Florence, “todo mundo no chão” e um jovem carregando em seus braços uma garota que “parecia morta”.
O “comando dos cafés” prossegue seu caminho macabro, em frente ao bar A la bonne bière e a pizzaria Casa Nostra, depois o bistrô La Belle équipe. Cada vez, os atacantes saem de um Seat preto e matam com uma calma impressionante.
Damien percebe a kalashnikov de um extremista, “desproporcionalmente grande”, e seu ar “pacífico”, “quase com um leve sorriso”. E, acima de tudo, “tiros sem fim”.
Por terra, sangue e mortos – 39 mortos nos bairros da capital. Um dos extremistas acaba por se explodir em um restaurante no boulevard Voltaire.
Corpos amontoadosA uma pequena distância, o grupo de rock californiano Eagles of Death Metal canta “Kiss the devil” no Bataclan. A sala de shows está cheia quando um terceiro comando invade o local. É 21h40.
O show se transforma em uma carnificina. Mais uma vez, três jihadistas franceses, retornados da Síria, matam tantas pessoas quanto podem. Noventa mortos. Os sobreviventes, muitas vezes feridos, escondem-se, fingindo-se de mortos entre os cadáveres.
Às 21h54, um policial intervém pela primeira vez. A visão é “indescritível”, “centenas de corpos” de mortos, feridos ou sobreviventes “emaranhados uns aos outros em frente ao bar, no poço”.Muito rapidamente, com seu companheiro de equipe, o policial mata um assaltante, cujo cinto explode. Reina então um “silêncio glacial”, quebrado apenas por toques de telefone celular que soam nos bolsos dos mortos.
Às 00h18, as forças de elite finalmente lançam o assalto. Os homens-bomba se explodem. Este é o fim. Os investigadores descobrem um verdadeiro “açougue”.
O coordenador dos ataques, o belga Abdelhamid Abaaoud, figura conhecida entre os extremistas de língua francesa do grupo Estado Islâmico na Síria, mas também um dos atacantes, será morto em 18 de novembro pela polícia em um esconderijo em Saint-Denis. E o único membro dos comandos ainda vivo, Salah Abdeslam, vai passar quatro meses em fuga antes de ser preso.