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Tensões vem se acentuando na fronteira entre a Síria e Israel: israelenses vem fazendo exercícios militares na região | JALAA MAREY/AFP
Tensões vem se acentuando na fronteira entre a Síria e Israel: israelenses vem fazendo exercícios militares na região| Foto: JALAA MAREY/AFP

A Síria está acusando Israel pelo assassinato de um importante especialista em foguetes sírio no fim de semana, aumentando as tensões entre os dois países. O momento concide com a retomada das áreas fronteiriças com Israel por tropas do governo sírio

Aziz Asbar, diretor de pesquisas do Centro de Pesquisa Científica Síria, foi morto no sábado por um artefato explosivo que atingiu seu carro na cidade de Masyaf, na província de Hama, no Oeste da Síria, segundo a agência de notícias oficial do país, SANA. 

Agências de inteligência, há muito tempo, tem ligado o centro de estudos ao programa de armas químicas da Síria. Aviões de guerra israelenses são suspeitos de terem atingido as instalações em pelo menos duas ocasiões no ano passado, em setembro e julho. 

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A imprensa síria culpou o Mossad, serviço secreto de Israel, pelo assassinato e disse que Asbar já havia sobrevivido a duas tentativas de assassinato, também por agentes israelenses. Segundo o jornal al-Watan, ele foi morto  devido ao "importante" trabalho nos sistemas de defesa sírios.  "Mais uma vez o inimigo israelense assassinou uma das maiores mentes sírias", informou o jornal.

Nesta terça-feira, o New York Times citou um funcionário não identificado de uma organização de inteligência do Oriente Médio que teria confirmado o envolvimento de Israel no ataque. O jornal disse que Asbar colaborou com o comandante da Força Quds do Irã, o general Qasem Soleimani, na produção de mísseis guiados com precisão na Síria. 

Um porta-voz do governo israelense se recusou a comentar as acusações. 

Preocupação israelense

Se o Mossad realmente foi responsável pelo assassinato, este é o mais recente de um longo histórico de ataques israelenses que visam atingir a capacidade e o desenvolvimento das armas sírias. Israel realizou mais de 100 ataques aéreos contra alvos na Síria desde 2012, visando instalações militares iranianas ou tentativas de transferir armas sofisticadas para a milícia Hezbollah, apoiada pelo Irã, no Líbano. 

O Centro de Pesquisa Científica Síria tem sido um foco dos esforços internacionais para reduzir a capacidade do país de Bashar al-Assad em desenvolver armas de destruição em massa, incluindo químicas e biológicas. Uma filial do centro, na periferia de Damasco, esteve entre os alvos dos ataques dos EUA contra a Síria em abril. A instituição tem recebido sanções do Departamento do Tesouro dos EUA desde 2005. 

Depois que o governo sírio executou o que inspetores independentes dizem ser um ataque com gás sarin, que matou até 100 pessoas na cidade de Khan Sheikhoun em 2017, os Estados Unidos também estabeleceram sanções contra 271 pessoas associadas ao centro. 

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Asbar não estava entre eles, possivelmente porque estivesse associado ao programa de mísseis da Síria, e não ao desenvolvimento de armas químicas. 

Segundo o jornal al-Watan, as autoridades sírias detiveram suspeitos locais, supostamente recrutados pelo Mossad, que estavam envolvidos no monitoramento dos movimentos de Asbar. Uma facção da principal associação da Al Qaeda na Síria, chamada Abu Amara, assumiu a responsabilidade, mas estaria trabalhando em nome de Israel, disse o jornal. 

O desenvolvimento de mísseis na Síria é uma das principais preocupações de Israel, em parte por causa da crescente influência do Irã no país. 

O ataque acontece em um momento em que as tropas sírias recuperam o território ao longo da linha de demarcação que separa as colinas de Golã, ocupadas por Israel, da Síria. Os dois países estão em estado de guerra desde 1967, quando Israel ocupou as colinas de Golã e, embora nenhum tiro tenha sido disparado desde o cessar-fogo de 1974, o presidente sírio continua pressionando pela reocupação do território. 

Retomada das Colinas de Golã

Tropas sírias retornaram a área das Colinas de Golã na semana passada depois que rebeldes que a controlavam se renderam, restaurando o status quo que prevaleceu antes da guerra civil na Síria. O impasse agora fica ainda mais complicado pela extensa presença do Irã em território sírio. O Irã mantém conselheiros e milícias aliadas incorporadas ao exército sírio. 

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A Rússia tem trabalhado para levar observadores da ONU para a área, mas Israel continua afirmando que tomará todas as medidas necessárias para impedir que o Irã estabeleça uma base permanente na Síria, ao longo de suas fronteiras e em outros lugares. 

Em uma entrevista na semana passada para a Rádio Israel, o ministro de Cooperação Regional de Israel, Tzachi Hanegbi, citou os temores de seu país sobre o desenvolvimento das capacidades de mísseis do Irã atingirem a Síria como uma das principais preocupações. "O que estabelecemos como uma linha vermelha é a intervenção militar e o entrincheiramento do Irã na Síria, e não necessariamente em nossa fronteira", disse ele.

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