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A ofensiva israelense na Faixa de Gaza parece estar criando nas ruas da Cisjordânia o clima de unidade que as facções palestinas rivais foram incapazes de obter durante meses de negociações.

Não se trata da conciliação formal entre as partes, e sim de uma solidariedade nas bases, diante de um sofrimento que mostra quão artificial é a divisão entre os líderes palestinos.

Na terça-feira, manifestantes na cidade ocupada de Ramallah, na Cisjordânia, gritavam: "Hoje Gaza está sob fogo; amanhã será a Cisjordânia".

Também havia palavras de ordem pedindo o fim do cisma entre as facções Fatah (do presidente Mahmoud Abbas) e Hamas (que controla a Faixa de Gaza). Os dois grupos estiveram à beira de uma guerra civil em 2007. Enquanto a Fatah está disposta a negociar a criação de um Estado palestino com Israel, o Hamas rejeita a existência do Estado judeu.

Alguns analistas dizem que a divisão palestina agrada a Israel, e duvidam de que possa haver avanços no processo de paz se os radicais islâmicos voltarem a uma coalizão com a Fatah.

As imagens de corpos carbonizados e crianças mortas, exibidas constantemente pela TV, estão tendo um profundo impacto sobre os palestinos da Cisjordânia. Em 11 dias de ofensiva, Israel matou cerca de 600 pessoas, grande parte das quais civis.

Alguns culpam o Hamas por deixar que a situação chegasse a tal ponto, mas muitos outros elogiam os combatentes islâmicos por sua coragem em enfrentar as tropas de Israel.

"As pessoas da Cisjordânia se solidarizam com os civis em Gaza que são mortos, não com o Hamas", disse Lama Hourani, de Ramallah. "As pessoas aqui estão cientes de que o objetivo de Israel não é destruir o Hamas, e sim destruir a vontade do povo palestino em qualquer lugar. Por isso as pessoas aqui apelam por unidade."

Um comerciante de Qalqilya tinha uma opinião diferente. "O Hamas conseguiu obter o apoio do povo durante esta guerra", afirmou Fathi Abdel-Al. "O Hamas conquistou o coração das pessoas por resistir ao poderio militar de Israel."

Alguns palestinos, porém, se recordam da profunda destruição ocorrida na Cisjordânia por causa da invasão israelense de 2002, quando o falecido presidente Yasser Arafat ficou cercado na sede presidencial de Ramallah. Temem que isso volte a acontecer.

Desde que a ofensiva israelense começou, os dirigentes do Hamas ameaçam retomar os atentados suicidas em cidades de Israel. Alguns analistas palestinos duvidam. "Às vezes tais ameaças são orientadas para a mídia, e às vezes têm a ver com capacidades locais", disse o parlamentar Ayman Daraghmeh, do Hamas, à Reuters.

"Vejo também que o mundo está vendo fotos de pessoas palestinas como vítimas ...talvez qualquer ataque de martírio (suicida) agora altere essa imagem."

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