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Papa faz apelo por libertação

O Papa Bento XVI condenou ontem a tomada de reféns no Afeganistão e fez um apelo aos talebans para "libertar indenes suas vítimas", por ocasião da bênção do Angelus em Castel Gandolfo. "É um apelo pelos reféns coreanos", precisou o Papa durante a prece, lendo em seguida mensagem condenando "a prática que se torna comum entre os grupos armados de instrumentalizar pessoas inocentes" para suas reivindicações.

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Cabul – Poucas horas após descartar o diálogo, os talebans marcaram o meio-dia de hoje (4h30 em Brasília) como o prazo final para começar a executar os 22 reféns sul-coreanos se as autoridades não concordarem em trocá-los por presos rebeldes, informou ontem um porta-voz da milícia. "O governo de Cabul não levou este assunto muito a sério. Portanto, decidimos marcar um prazo final: meio-dia de amanhã (hoje)", disse Mohammed Youssef Ahmadi, porta-voz do Taleban. "É possível que comece a execução dos reféns se a solução não chegar até o horário marcado", acrescentou.

Horas antes, os fundamentalistas afegãos tinham assegurado que não haveria mais diálogo sobre os 22 reféns, em estado de saúde preocupante após dez dias de cativeiro. "Não é preciso dialogar mais. Entregamos nossa lista de presos e esperamos uma resposta positiva", tinha dito o próprio Ahmadi.

Ele afirmou que os talebans pediram a libertação de oito presos como resgate para soltar os reféns. Eles já teriam entregado uma "lista completa" com seus nomes às autoridades de Ghazni, a província onde aconteceu o seqüestro. Um dos membros da equipe mediadora, Khowaja Sedeqi, confirmou as palavras de Ahmadi. Ele assegurou que ontem não houve negociações diretas por vontade dos talebans, embora alguns líderes tribais tenham falado com eles. Sedeqi disse que os insurgentes estão com os telefones desligados e esperam uma resposta do Governo.

Os seqüestrados, 18 mulheres e quatro homens, estão separados, vigiados por diferentes facções da milícia. O grupo de seqüestradores não entra em acordo sobre suas exigências às autoridades justamente porque está dividido internamente. Enquanto duas das facções preferem o pagamento de um resgate, a terceira exige a libertação de presos.

Enquanto isso, em Cabul, o presidente afegão Hamid Karzai se reuniu com um enviado especial sul-coreano, Baek Jong-Chu, que foi ao Afeganistão para mediar a crise. O presidente falou ontem pela primeira vez sobre o caso. "O Governo afegão fará todos os esforços possíveis para uma libertação segura de todos os reféns e espera encontrar uma solução conveniente para a crise", disse Karzai, segundo um comunicado publicado ao término da reunião.

Baek se reuniu com Karzai a portas fechadas, com o objetivo de discutir a libertação dos reféns e pedir ao presidente "flexibilidade", segundo a agência coreana de notícias Yonhap. Ainda não se sabe se o presidente vai aceitar a troca, ou se cumprirá com a palavra dada no dia 6 de abril, um mês depois do seqüestro do jornalista italiano Daniele Mastrogiacomo. Na época, ele trocou cinco prisioneiros talebans pela liberdade do refém, mas disse que não voltaria a aceitar esse tipo de exigência. "No futuro, esta ação não se repetirá nunca", disse Karzai na ocasião. "Não faremos isso em nenhum caso, nem com ninguém, e nem se repetirá por nenhum país", tinha acrescentado.

Os 23 missionários sul-coreanos foram capturados em 19 de julho na estrada entre Cabul e Kandahar, no sul do país. A preocupação com o estado dos reféns aumentou na quarta-feira passada, quando os talebans anunciaram a morte do líder dos missionários, o pastor protestante Bae Hyung-kyu, de 42 anos. Até agora este é o maior seqüestro de um grupo de estrangeiros no Afeganistão.

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