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O US Trade Representative – o departamento responsável pelo comércio exterior nos Estados Unidos – irá impor uma tarifa adicional de 25% sobre US$ 50 bilhões em bens que os americanos importam da China. As razões dadas pela Casa Branca são variadas, incluindo fatores que vão desde o roubo de propriedade intelectual por parte da China, as exigências de transferência de tecnologia, a concorrência desleal e a desigualdade na balança comercial entre os dois países. 

Apesar de tornar o comércio exterior menos livre, por meio da imposição de tarifas sobre as importações, o impacto sobre estas áreas será mínima. Mais do que qualquer coisa, atingirá principalmente a economia americana. 

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As negociações comerciais em andamento entre Washington e Pequim têm sido duras. Uma viagem recente do secretário de Comércio, Wilbur Ross, à capital chinesa resultou em uma proposta para a compra de US$ 70 bilhões em mercadorias americanas, principalmente nas áreas agrícola, energética e alguns bens manufaturados. 

Isto, aparentemente, não foi suficiente para o governo americano, porque não teria sido feito nada para abordar as questões estruturais de acesso ao mercado. O tema é um dos principais problemas no relacionamento entre os dois países. O diretor do Conselho Nacional Econômico, Larry Kudlow, tem indicado que a Casa Branca pode agora estar mais interessada nessas mudanças estruturais na China do que com as compras definitivas. 

Impactos negativos

A Casa Branca tem indicado que estas tarifas protegerão empregos nos Estados Unidos. Um estudo da consultoria Trade Partnership Worldwide estima que o efeito da lista inicial de tarifas (e de tarifas retaliatórias) será de uma perda de aproximadamente 134 mil empregos e poderia colocar outros 450 mil em risco. 

Até que os Estados Unidos e Pequim cheguem a um acordo, aqueles que são atingidos por tarifas farão lobby junto aos políticos por exclusões, incentivos fiscais e subsídios. Isto deverá criar mais desigualdade no mercado. Outros países, como o Canadá, aqueles da União Europeia e o Brasil irão, reciprocamente, estabelecer subsídios por conta própria, criando um desastroso efeito descendente no comércio internacional. 

Infelizmente, as tarifas da Casa Branca não trarão de volta os empregos que foram perdidos para a China, não da forma como fizeram as reformas tributárias corporativas e a desregulamentação. E as tarifas não inibirão significativamente o roubo de propriedade intelectual. Mesmo se a China fizer mudanças estruturais, não significa que diminuirá o custo de fazer negócios lá. 

Lista americana

O US Trade Representative irá impor uma sobretaxa a 1,1 mil produtos importados da China. Eles vem de duas listas: a primeira, anunciada em abril, inclui mais de 800 itens. A outra tem quase 300 itens de uma nova lista que o escritório de comércio exterior dos Estados Unidos tornou pública. 

Os primeiros alvos abrangem aproximadamente US$ 34 bilhões em produtos importados da China. Elas incluem componentes para a indústria aeronáutica, motores de carros, material ferroviário, maquinário industrial e geradores elétricos. Os consumidores americanos poderão ver um aumento no custo de TVs, materiais de construção e reatores nucleares como resultado da imposição dessas tarifas, que entrarão em vigor no dia 6. 

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A segunda lista mira cerca de US$ 16 bilhões em bens comprados da China. Os itens desta relação miram setores nos quais Pequim está investindo por meio de sua política industrial conhecida como “Made in China 2025”. Ela inclui produtos químicos, circuitos eletrônicos e maquinário agrícola. Esta lista ainda precisa passar por uma etapa de comentários e audiências públicas, antes de entrar em vigor. 

Os produtos destas listas refletem os segmentos nos quais a Casa Branca estabelecerá restrições para o investimento chinês. Esta relação será anunciada no dia 30. 

Lista chinesa

O Ministério do Comércio chinês anunciou as suas próprias listas para retaliar os Estados Unidos. A primeira atinge cerca de US$ 34 bilhões em mercadorias americanas e irá entrar em vigor no dia 6 e atinge principalmente produtos agropecuários. Os fazendeiros americanos exportaram US$ 12 bilhões em soja no ano passado. 

A segunda lista, que abrange cerca de US$ 16 bilhões, entrará em vigor depois. Esta relação mira commodities energéticas. Em 2017, os Estados Unidos exportaram US$ 400 milhões em carvão, US$ 1,7 bilhão em propano e US$ 4,4 bilhões em petróleo. 

A Casa Branca tem até o dia 6 para mudar o seu curso. No processo, deveria se centrar nos problemas que precipitaram a ação: as políticas chinesas sobre propriedade intelectual no segmento de alta tecnologia, assim como o tratamento mais amplo dos investimentos estrangeiros.

Harley-Davidson vai transferir produção

A Harley-Davidson, fabricante de motocicletas que o presidente Donald Trump elogiou no ano passado por "construir coisas na América",  informou nesta segunda-feira (25) que estaria transferindo parte da produção dos Estados Unidos para escapar das tarifas impostas ao país pela União Europeia - uma retaliação às tarifas de Trump sobre aço e alumínio

A União Europeia impôs na semana passada tarifas sobre uma série de produtos norte-americanos, incluindo motocicletas Harley, suco de laranja da Flórida, tabaco da Carolina do Norte e o bourbon Kentucky, em resposta a impostos semelhantes que o presidente Trump colocou sobre aço e alumínio da Europa. As tarifas da UE vão adicionar US$ 2.200 ao custo de uma motocicleta média, ameaçando "um impacto negativo imediato e duradouro em seus negócios", disse a empresa na segunda-feira, em um documento enviado à Comissão de Segurança e Câmbio.

Trump criticou a decisão de Harley e, em um tuíte enigmático, sugeriu que, em última análise, a empresa não enfrentaria tarifas. 

"Surpresa que a Harley-Davidson, de todas as empresas, seria a primeira a levantar bandeira branca", tuitou o presidente. "Eu lutei muito por eles e, em última análise, eles não pagarão as tarifas de venda para a UE, as quais nos prejudicaram bastante no comércio - US$ 151 bilhões. Impostos são apenas uma desculpa da Harley - sejam pacientes!". 

A declaração parece sugerir que o presidente espera negociar uma resolução sobre as práticas comerciais da UE, as quais ele culpa pelo déficit comercial de US$ 151 bilhões dos EUA com seus aliados europeus. Mas no curto prazo, a escalada da disputa comercial parece provável. Trump ameaçou impor tarifas a carros e autopeças estrangeiros, uma medida que afetaria especialmente as montadoras alemãs. 

* Riley Walters é um analista político no Davis Institute for National Security and Foreign Policy at The Heritage Foundation.

©2018 Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês 

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