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Sundar Pichai (Google), Mark Zuckerberg (Facebook) e Jack Dorsey (Twitter) terão de testemunhar diante do Senado americano.
Sundar Pichai (Google), Mark Zuckerberg (Facebook) e Jack Dorsey (Twitter) terão de testemunhar diante do Senado americano.| Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS, Jim WATSON, Fabrice COFFRINI / AFP

A maioria dos americanos acredita que as redes sociais censuram pontos de vista políticos e isso é especialmente verdade entre os eleitores republicanos. Segundo uma pesquisa de opinião do Pew Research Center, divulgada em agosto, 90% dos entrevistados que se alinham ao partido do presidente americano Donald Trump têm essa desconfiança em relação às plataformas de redes sociais.

Não é possível saber, de fato, se os algoritmos do Twitter e do Facebook são escritos com o objetivo de limitar a circulação de conteúdos conservadores. As empresas não divulgam seus dados e nem explicam como esses algoritmos funcionam. Também há levantamentos que mostram que conservadores e influenciadores de direita dominam as discussões online nos Estados Unidos – como mostra uma reportagem recente do site Politico que analisou milhares de postagens em três redes sociais sobre Black Lives Matter e fraude eleitoral.

O que motiva essa percepção de tendência anti-conservadora são casos que vêm ocorrendo depois que as plataformas de mídia passaram a intervir mais no conteúdo publicado por seus usuários – após serem pressionadas pela forma como foram usadas por agentes estrangeiros para espalhar desinformação na campanha eleitoral americana de 2016.

Recentemente, o caso que chamou mais atenção foi quando Twitter e Facebook limitaram o compartilhamento de uma matéria do New York Post que alegava que Hunter Biden, filho do candidato democrata Joe Biden, estava aproveitando o nome do pai, na época vice-presidente dos Estados Unidos, para alavancar negócios na Ucrânia e na China. A conta do New York Post no Twitter ainda está suspensa porque a plataforma exige que o jornal apague as postagem com o link para a matéria, mesmo que a rede social tenha voltado atrás e eliminado a regra que, a princípio, usou para bloquear o conteúdo – que se refere à publicação de materiais hackeados e informações pessoais.

A interferência das empresas neste caso foi alvo de muitas críticas.

Reação política

Em um artigo para o jornal Washington Times, Kay C. James, presidente da conservadora Heritage Foundation, escreveu que Twitter e Facebook estão usando políticas internas, criadas para evitar a propagação de desinformação, notícias falsas e propaganda estrangeira, para censurar vozes conservadoras.

“A Heritage Foundation viu em primeira mão como as empresas de Big Tech bloqueiam ou limitam o alcance de nosso próprio conteúdo – mesmo informações médicas fornecidas por médicos licenciados – porque essas informações não estão de acordo com as agendas sociais ou políticas de certas plataformas. Eles fazem isso por meio de checagens de fatos politizados, rótulos inventados, remoção de postagens ou até mesmo bloqueio de usuários”, escreveu James.

Depois do caso do New York Post, os republicanos não demoraram a agir.

O Comitê Nacional Republicano (RNC, na sigla em inglês) apresentou uma queixa contra o Twitter na Comissão Eleitoral Federal (FEC, na sigla em inglês), alegando que houve uma "contribuição ilegal à campanha" do democrata Joe Biden à presidência quando a empresa decidiu restringir o compartilhamento de uma reportagem do New York Post sobre supostas ligações entre o ex-vice-presidente americano e executivos ucranianos.

Os senadores republicanos, por sua vez, intimaram os chefes executivos do Twitter e do Facebook para depor no Comitê Judiciário da Câmara Alta e dar explicações. Ao votar pelas intimações, o senador Ted Cruz criticou as plataformas de tecnologia por "interferir ativamente nesta eleição de uma forma que não tem precedentes na história do nosso país".

A data para essa audiência no Comitê Judiciário ainda está para ser marcada, mas Mark Zuckerberg e Jack Dorsey devem dar as caras no Senado nesta quarta-feira (28), junto com o chefe-executivo da Alphabet (dona do Google), Sundar Pichai, para uma audiência no Comitê de Comércio, onde serão questionados sobre as políticas de moderação de conteúdo em suas plataformas.

Esse encontro será focado na seção 230 da Lei de Decência nas Comunicações (CDA, na sigla em inglês), que dá imunidade legal a plataformas de comunicação em relação a conteúdos publicados por usuários terceiros e também dá cobertura para ações de moderação em suas redes. Mas os senadores republicanos não deixarão de lado a história do New York Post e devem acusar as big techs de ajudar os democratas por meio de suas decisões de moderação de conteúdo.

As gigantes da tecnologia – que também estão sendo acusadas de adotar práticas anticompetitivas para manter seu monopólio nos EUA – se esquivam das críticas dos republicanos, tendo declarado diversas vezes, inclusive no Congresso, que suas plataformas não têm tendência política ou partidária.

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