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O presidente dos Estados Unidos, visita a Igreja Episcopal St John’s, 1 de junho de 2020
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, visita a Igreja Episcopal St John’s após anunciar medidas para conter protestos, 1 de junho de 2020| Foto: AFP

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que está tomando ação presidencial imediata para encerrar a violência e que vai mobilizar recursos federais para colocar um fim nos saques e tumultos registrados nas manifestações que há sete dias acontecem em dezenas de cidades dos Estados Unidos. Em pronunciamento nesta segunda-feira (1), Trump ainda disse que "recomendou fortemente" que os governadores dos estados americanos mobilizassem a Guarda Nacional "em números suficientes para dominar as ruas".

O presidente americano alertou que se as cidades e estados se recusarem a tomar medidas para conter os tumultos, irá mobilizar os militares.

Trump se descreveu como o "presidente da lei e da ordem" e disse também que tomará medidas para proteger a capital americana, Washington, que adotou um toque de recolher a partir das 19 horas desta segunda-feira. As medidas incluirão o envio de "milhares e milhares de soldados fortemente armados, equipes militares e agentes de policiamento da lei para parar os tumultos, saques, vandalismos, ataques e a destruição de propriedade", segundo ele.

"Eu quero que os organizadores desse terror estejam avisados que enfrentarão severas penalidades criminais", disse Trump, acrescentando que "não podemos permitir que os gritos justos e pacíficos dos manifestantes sejam afogados pela multidão enfurecida".

Não está claro qual autoridade o presidente americano teria para enviar tropas militares aos estados sem que os governadores o solicitassem. Uma autoridade do Departamento de Defesa disse ao The Hill que Trump não invocou a Lei de Insurreição, uma lei de 1807 que pode dar ao presidente a autoridade de mobilizar tropas militares em território americano para suprimir rebeliões e desordem civil.

Trump encorajou os governadores a convocar a Guarda Nacional, uma medida já adotada por vários estados. Estima-se que mais de 17 mil soldados da Guarda Nacional dos EUA foram mobilizados em 23 estados e na capital americana para ajudar a conter os atos de violência registrados em meio às manifestações, de acordo com o site Military Times.

Enquanto o presidente discursava, a polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes que protestavam perto da Casa Branca, antes do horário decretado para o início do toque de recolher, segundo relatos compartilhados nas redes sociais.

Aparentemente a multidão foi dispersada para abrir caminho para Trump, que após o pronunciamento caminhou acompanhado de assessores até a Igreja Episcopal St. Johns, localizada nas imediações da Casa Branca e que teve o portão incendiado durante os protestos na noite anterior.

A bispa Mariann Edgar Budde, da diocese episcopal de Washington, disse em entrevista à CNN que a visita de Trump à igreja não foi aprovada pela sua comunidade. "O presidente acaba de usar uma bíblia, o texto mais sagrado da tradição judaico-cristã, e uma das igrejas da minha diocese sem permissão como cenário de uma mensagem contrária aos ensinamentos de Jesus e a tudo o que nossas igrejas defendem", afirmou Budde, dizendo que estava "indignada" pelo uso de gás lacrimogêneo por policiais de choque para liberar o local da igreja.

Parlamentares democratas rapidamente criticaram as declarações de Trump a respeito da mobilização de militares. "É não-americano usar nossos membros do serviço para 'dominar' civis, assim como o presidente e o secretário de Defesa sugeriram. Vivemos em uma democracia, e não em uma ditadura", afirmou em comunicado o deputado Adam Smith, presidente do comitê de Serviços Armados da Câmara, informou o Washington Post. O deputado John Yarmuth disse pelo Twitter que Trump "declarou guerra contra milhões de americanos e contra a Primeira Emenda".

Protestos continuam

Saques e atos de vandalismo voltaram a ser registrados em cidades americanas na noite desta segunda-feira. Segundo a Fox News, centenas de pessoas foram vistas quebrando vitrines e saqueando estabelecimentos na cidade de Nova York, que decretou toque de recolher a partir das 23 horas de hoje. Na Filadélfia, manifestantes desafiaram o toque de recolher e permaneceram nas ruas, em frente à sede da polícia.

Há sete dias, manifestantes protestam em diversas cidades dos Estados Unidos contra o racismo e a violência policial. O estopim do protestos foi a morte de George Floyd, um homem negro de 49 anos que foi morto durante abordagem policial na semana passada na cidade de Minneapolis.

Pelo menos 40 cidades americanas decretaram toque de recolher em tentativa de conter o caos. Os protestos ficaram mais tensos nos últimos dois dias, com registros de saques e atos de vandalismo e com a polícia usando gás lacrimogêneo e balas de borracha para conter as multidões.

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