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O presidente dos EUA, Donald Trump e candidato democrata à presidência, o ex-vice-presidente dos EUA Joe Biden. No centro a moderadora do debate, a jornalista Kristen Welker| Foto: JIM BOURG / POOL / AFP

No debate presidencial desta quinta-feira (22) entre Donald Trump e Joe Biden, o formato que permitiu que o microfone de um candidato ficasse desligado enquanto o outro estava falando representou uma grande melhoria em relação ao primeiro debate Trump-Biden e foi de grande ajuda para a moderadora Kristen Welker, que conseguiu evitar os bate-bocas infantis que dominaram o jornalista Chris Wallace da última vez. O formato ajudou a salvar Donald Trump de si mesmo. A boa notícia para ambos os candidatos é que eles evitaram desastres reais na forma como foram apresentados – pelo menos, além do problema básico de ser Donald Trump e Joe Biden – e mantiveram o foco em suas respostas reais. Biden foi um pouco inconstante (como Trump), mas em nenhum momento se perdeu totalmente em sua linha de raciocínio.

Trump não é especialmente habilidoso em argumentar uma acusação e se atrapalhou muito ao tentar criar caso sobre o tráfico de influência de Hunter Biden (e o envolvimento de Joe no caso). Em nenhum momento ele colocou Biden contra a parede para que o democrata respondesse se negava ou não a autenticidade da recente história sobre o laptop de Hunter Biden e o conteúdo encontrado nele – embora Biden pareceu alegar que a história era inteiramente uma invenção russa. Em vez disso, Trump acabou caindo na armadilha de ter que falar sobre seus próprios impostos. O padrão de Trump em repreender Biden funcionou em alguns momentos, como quando deixou óbvio que Biden estava se esquivando de perguntas sobre o uso de jaulas, durante o governo Obama, para prender crianças que cruzaram a fronteira dos EUA ilegalmente, enquanto o próprio Trump se esquivava de perguntas inconvenientes sobre sua política de separação de famílias na fronteira sul.

Mas Trump conseguiu, sem dúvida, desencadear o pior momento da noite para Biden, bem no final, quando Biden respondeu a uma pergunta de Trump sobre acabar com a indústria do petróleo. Biden declarou francamente – e com alguma extensão – que estava planejando fazer uma transição nos EUA para longe da indústria do petróleo. Essa será, sem dúvida, a principal lição dos republicanos depois disso. Biden também negou veementemente ter prometido acabar com o fracking – o que ele fez no debate de março, quando disputava as primárias democratas contra Bernie Sanders – e depois de dizer que não é contra o fracking, disse que quer proibi-lo em terras federais. Se há uma questão em que Biden é vulnerável em estados decisivos para as eleições americanas, devido ao extremismo de esquerda de seu partido, é na política energética.

Também tivemos alguns lampejos de personalidade. Biden zombou de Trump chamando-o de “o Abraham Lincoln aqui” depois que Trump ridiculamente se gabou de ter sido o melhor presidente para negros americanos desde Lincoln. Houve também uma discussão bizarra em que Trump pareceu acusar Biden de querer proibir janelas, falando sobre como Biden quer demolir prédios para reconstruí-los com "janelas minúsculas". E Trump tirou a maquiagem em um ponto: quando Biden tentou se afastar da história sobre o tráfico de influência de Hunter Biden falando piamente sobre como esta eleição é realmente sobre "sua família" [ a família americana], Trump fez o que ele sempre faz: em vez de compartilhar a preocupação de Biden com o eleitor médio, ele apenas zombou de Biden por dar uma resposta “política” falsa. Se a abordagem funciona ou não, ninguém faz isso da maneira que Trump faz.

Ambos os candidatos estavam obviamente falando abertamente sobre questões de raça e crime, com Trump tentando simultaneamente reivindicar o manto de se opor ao encarceramento excessivo e ser o candidato da lei e da ordem e pró-polícia, enquanto Biden fugia de seu histórico como legislador quando defendeu uma lei criminal de 1994 (que contribuiu para o encarceramento em massa nos EUA). A realidade é que as políticas criminais que Biden apoiou na década de 1990 eram em sua maioria boas, ou pelo menos necessárias e prudentes na época, e Trump e a maioria das pessoas em ambos os partidos as apoiaram na época. Isso não deve nos impedir de reconsiderar algumas delas agora, mas está claro que a conversão de Biden sobre esta questão é falsa e oportunista, assim como é claro que Trump nem mesmo vê suas próprias contradições.

Trump ainda não tem uma maneira particularmente boa de falar sobre o coronavírus, mas Biden ainda conseguiu ser consideravelmente menos realista: prometendo fazer coisas que já estamos fazendo, negando que é a favor dos fechamentos enquanto fala sobre todas as coisas que ele acha que deveríamos fechar, culpando Trump por cada morte, prometendo nenhuma vacina até meados do próximo ano e prevendo mais 220.000 mortes nas próximas nove a dez semanas, e geralmente deixando Trump levar vantagem em querer que os estabelecimentos sejam reabertos.

Não há muito que Trump ainda possa fazer agora para mudar a corrida eleitoral, e esta não foi de forma alguma uma grande performance de debate por parte dele, tampouco um desastre para Biden. Mas Trump não fez nada em particular para realmente se prejudicar desta vez, e a frase de Biden sobre o petróleo pode ter algumas repercussões boas para o republicano.

*Dan McLaughlin é redator sênior da National Review Online.

© 2020 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.

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