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Da cama do hospital, Jacob Blake, pivô dos violentos protestos em Kenosha, divulga mensagem de pacificação.
Da cama do hospital, Jacob Blake, pivô dos violentos protestos em Kenosha, divulga mensagem de pacificação.| Foto: AFP

Enquanto Donald Trump e Joe Biden buscaram votos em Kenosha, a comunidade local trabalha para curar as feridas abertas na cidade. Lideranças de movimentos negros e jovens pintaram os tapumes que cobriam os negócios da cidade com mensagens coloridas, pedidos de igualdade racial e sinais de apoio a Kenosha. Com a irmã, Ariana, Anayah desenhava flores nos tapumes de uma loja na rua onde Jacob Blake foi baleado. As duas participaram de protestos contra o racismo em junho após a morte de George Floyd. Na escola católica onde estudam, os colegas, brancos, diziam que elas não precisavam protestar, pois nunca aconteceria algo semelhante em Kenosha.

Confraternização

Os parentes de Jacob Blake têm sido uma voz importante na tentativa de unificação da comunidade local. No dia da visita de Trump à cidade, quando os moradores temiam distúrbios, a família organizou um encontro de manifestantes na esquina onde ele foi baleado. Em vez de saírem em marcha para o centro da cidade, onde o ambiente era mais tenso, os presentes fizeram uma confraternização com hambúrguer, música, crianças brincando, teste de covid-19, registro de eleitores e coleta de mantimentos para vizinhos da região. Justin Blake, tio de Jacob, foi um dos articuladores do evento em caráter pacífico. "Queremos justiça para Jacob, queremos o policial indiciado e acusado, para a nossa vida seguir. Estamos felizes que Jacob está vivo e sua vida é preciosa", disse Justin. Blake sobreviveu, mas está paralisado da cintura para baixo.

Na manhã seguinte à "festa" organizada pelos Blake, um homem negro, que aparentava ter pouco mais de 50 anos, sentava na varanda de uma casa na mesma esquina. Em silêncio, ele mantinha o olhar vago. "Eu não posso falar sobre o que aconteceu. Porque falar sobre isso me faz viver tudo de novo e simplesmente não consigo mais. Esse país precisa se curar", disse, sem dar seu nome.

Quase 15 dias após os tiros contra Blake, alguns tapumes começavam a ser retirados e Kenosha voltava a uma vida normal, longe dos candidatos presidenciais e dos holofotes. Para os jovens da região, no entanto, voltar ao normal não será suficiente: "Os políticos vêm aqui e olham a cidade pela janela. Passam. Nós vivemos isso", diz Anayah.

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