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Presidente dos EUA, Donald Trump | Yuri Gripas/Bloomberg
Presidente dos EUA, Donald Trump| Foto: Yuri Gripas/Bloomberg

Em um tuíte em letras maiúsculas, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mandou um alerta ao presidente do Irã, Hassan Rouhani, dizendo que se o Irã ameaçasse novamente os Estados Unidos o país sofreria graves consequências. 

“Para o presidente iraniano Rouhani: NUNCA MAIS VOLTE A AMEAÇAR OS ESTADOS UNIDOS OU SOFRERÁ CONSEQUÊNCIAS COMO POUCOS SOFRERAM ANTES NA HISTÓRIA. JÁ NÃO SOMOS MAIS UM PAÍS QUE AGUENTARÁ SUAS PALAVRAS DE VIOLÊNCIA E MORTE. SEJA CAUTELOSO!", Trump tuitou na noite de domingo (22).

A declaração do presidente norte-americano é uma resposta ao discurso de Rouhani, em que ele recomendou a Washington “não brincar com fogo”. O governo dos EUA está prestes a reimpor sanções suspensas sob o acordo nuclear de 2015, do qual Trump se retirou em maio

A agência estatal de notícias iraniana Iran Republic respondeu em poucas horas, descartando o tuíte de Trump e descrevendo-o como uma "reação passiva" aos comentários de Rouhani. 

O general Gholam Hossein Gheibparvar, chefe da força paramilitar Basij da Guarda Revolucionária, disse que os Estados Unidos "não ousam" tomar medidas militares contra o Irã, cujos mísseis podem atingir a maior parte do Oriente Médio. O Irã também controla parte do Estreito de Ormuz, passagem para todo o tráfego de petroleiros do Golfo Pérsico. 

A escalada da retórica belicosa ocorre apenas três semanas antes do restabelecimento da primeira rodada de sanções bancárias, suspensas sob o acordo nuclear. Sanções mais pesadas, que entrarão em vigor em novembro, visam cortar praticamente todo o mercado de petróleo do Irã.

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Posicionamento dos EUA nas palavras de Pompeo

Neste domingo, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, lançou um duro ataque aos governantes clérigos e militares do Irã, chamando-os de “cleptocracia” semelhante à máfia. 

"O nível de corrupção e riqueza entre os líderes do regime mostra que o Irã é governado por algo que se assemelha mais à máfia do que a um governo", disse Pomepo perante a uma audiência iraniana-americana na Biblioteca Presidencial Ronald Reagan, em Simi Valley, Califórnia.

Segundo Pompeo, o governo dos EUA concluiu que Teerã não tem estadistas dispostos a moderar suas política.

Ele não chegou a pedir a mudança de regime, mas anunciou a intensificação da difusão de canais do governo dos EUA em Farsi (língua persa), que provavelmente fomentará mais agitação contra o governo. O Conselho de Diretores de Radiodifusão dos EUA está tomando medidas para contornar a censura da Internet no Irã e criando canais de televisão, rádio, mídia digital e mídias sociais "para que os iranianos comuns dentro do Irã e ao redor do mundo saibam que a América está com eles". 

Pompeo disse que o governo Trump estaria disposto a manter conversas com o governo iraniano se ele parasse com repressão de dissidentes e minorias religiosas e com o apoio a grupos militantes em conflitos em outros países da região. Porém, seu longo discurso sugere que ele considere improvável qualquer mudança de comportamento pelo Irã. 

Vários membros da administração Trump e do círculo do presidente são críticos do Irã. Antes de ingressar na Casa Branca, o conselheiro de segurança nacional John Bolton pediu a derrubada do governo iraniano. Rudy Giuliani, advogado pessoal de Trump, fez discursos pagos à Organização dos Mujahidin do Povo Iraniano (MEK), movimento de resistência ao governo iraniano que o Departamento de Estado dos EUA listava como grupo terrorista até 2012. No domingo, Nikki Haley, embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, retuitou uma postagem da conta oficial do MEK. 

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As declarações de Pompeo no domingo reprisaram suas críticas ao governo iraniano, mas em um nível profundamente pessoal que provavelmente se repetirá nas transmissões do governo dos EUA no Irã. Ele também culpou o governo iraniano pelos problemas econômicos que levaram a protestos contra o governo em todo o país

"A amarga ironia da situação econômica no Irã é que o regime usa seu tempo para encher seus próprios bolsos enquanto seu povo clama por empregos, reformas e oportunidades", disse Pompeo. "A economia iraniana está indo muito bem - mas apenas se você for um membro politicamente conectado da elite". 

Análise

Alguns observadores internacionais afirmam que a postura do governo norte-americano está colocando os Estados Unidos no caminho para um confronto direto com a República Islâmica, com a qual não têm relações desde a revolução de 1979. 

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"Mike Pompeo removeu todas as dúvidas hoje de que o objetivo da administração Trump é o confronto com o Irã - não um melhor acordo nuclear ou novas negociações", declara Trita Parsi, chefe do Conselho Nacional Americano do Irã, em comunicado. "As ações e palavras do governo Trump simplesmente não são compatíveis com nenhuma política além de fomentar a inquietação e desestabilizar o Irã." 

Mark Dubowitz, chefe da Fundação para a Defesa das Democracias e principal crítico do Irã e do acordo nuclear de 2015, chamou as declarações de Pompeo de "uma poderosa denúncia de um regime corrupto e repressivo" e sugeriu que o apoio dos EUA ajudará a derrubar o governo teocrático. 

"Isso se assemelha á abordagem da administração Reagan em confrontar a República Islâmica do Irã e sua convicção de que, com o apoio dos EUA, a exigência dos iranianos pela liberdade e democracia deixará a República Islâmica no monte de cinzas da história como ocorreu com a União Soviética”, afirma Dubowitz.

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