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O presidente dos EUA, Donald Trump, em entrevista coletiva na Casa Branca, 14 de abril de 2020
O presidente dos EUA, Donald Trump, em entrevista coletiva na Casa Branca, 14 de abril de 2020| Foto: MANDEL NGAN / AFP

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira, 14, que o plano de reabertura do país está "quase pronto" e que dará detalhes em breve sobre a flexibilização das medidas de distanciamento social, empregadas para conter o avanço do coronavírus. "Nosso país estará aberto em breve e estará crescendo", afirmou o republicano em uma coletiva de imprensa na Casa Branca.

O republicano tem protagonizado uma disputa com os governadores sobre quem tem autoridade para determinar o fim das restrições em vigor. No dia anterior, Trump insistiu que tinha autoridade absoluta para determinar quando os estados poderiam reabrir suas economias. Nesta terça-feira, o presidente americano diminuiu o tom, dizendo que os governadores determinariam os seus próprios planos.

Trump disse que estaria "autorizando cada governador individual de cada estado individual a implementar um plano muito poderoso de reabertura do seu estado".

Trump declarou, também, que falará com os governadores dos 50 estados americanos sobre os planos. Para Trump, alguns estados que não foram muito afetados poderiam flexibilizar o isolamento social antes de 1º de maio. "O governo federal os observará de perto", declarou.

Ele disse ainda que não quer "colocar nenhuma pressão" para que os governadores relaxem as quarentenas.

Mais cedo, o governador de Nova York, Andrew Cuomo, criticou a fala de ontem de Trump e disse que o país não tem "um rei", mas um presidente. "Não me declarei rei", disse Trump na coletiva. "Não vou dizer ao governador Cuomo que ele deve abrir o estado dentro de sete dias. Quero que ele leve o tempo dele, faça o certo e abra Nova York", acrescentou.

O presidente americano disse, ainda, que os investidores "têm muita confiança" de que o governo está "fazendo a coisa certa". "Você vê o que está acontecendo com o mercado de ações. Se não estivéssemos bem, o mercado de ações não estaria onde está hoje" afirmou. Nesta terça-feira, as bolsas de Nova York fecharam em alta com o possível relaxamento da quarentena no país. Para Trump, o mercado acionário americano baterá novos recordes "em breve".

Corte às verbas para a OMS

Durante a coletiva de imprensa, Trump anunciou que estava "instruindo" o seu governo a interromper o financiamento dos EUA para a Organização Mundial da Saúde (OMS), "enquanto uma revisão é conduzida".

Trump já vinha ameaçando cortar o financiamento americano à OMS, que ele acusa de ser "centrada na China" e de ter oferecido orientações errôneas no começo da crise.

A American Medical Association (AMA), maior associação de médicos dos EUA, se manifestou contra o anúncio de Trump, descrevendo a decisão como "perigosa".

A presidente da AMA, Patrice A. Harris, divulgou um comunicado após o anúncio do presidente americano.

"Durante a pior crise de saúde pública em um século, cortar o financiamento à Organização Mundial da Saúde é um passo perigoso na direção errada que não tornará mais fácil o combate à Covid-19. Lutar contra uma pandemia global exige cooperação internacional e confiança em ciência e dados. Cortar fundos à OMS - em vez de ser um foco em soluções - é uma medida perigosa em um momento precário para o mundo. A AMA está profundamente preocupada com essa decisão e suas abrangentes ramificações, e apelamos fortemente ao presidente que reconsidere."

Os Estados Unidos enviam de US$ 400 milhões a US$ 500 milhões anualmente à OMS, disse Trump, destacando que a China "envia mais ou menos US$ 40 milhões", relatou a CNN.

Trump reclama que se a OMS tivesse agido corretamente, ele teria instituído uma proibição de viagens vindas da China ao seu país.

Críticos apontam, no entanto, que o presidente Trump foi alertado no fim de janeiro por um dos principais conselheiros da Casa Branca que o novo coronavírus podia potencialmente matar centenas de milhares de americanos e prejudicar a economia do país, a não ser que medidas rígidas fossem tomadas imediatamente, segundo memorandos revelados recentemente.

Memorandos escritos pelo assessor econômico de Trump, Peter Navarro, circularam pela Casa Branca e agências federais americanas no final de janeiro.

Navarro deu uma entrevista à Fox News após Trump anunciar que estava interrompendo o envio de verbas à OMS e defendeu a decisão do presidente. "A OMS é um fracasso durante essa pandemia. Eles basicamente esconderam informações do público, falharam em chamar isso de pandemia muito depois que outros já haviam feito isso. Eles têm sangue nas mãos", disse Navarro, acrescentando que acredita que Trump está "absolutamente correto" em fazer uma investigação sobre os fatos.

Os Estados Unidos são o país mais afetado pela pandemia de Covid-19. Até esta terça-feira, 605.193 casos de infecção pelo novo coronavírus foram registrados nos EUA e 25.757 pessoas morreram pela doença no país. Entre os infectados do país, 47.763 já se recuperaram, segundo os dados compilados pela Universidade Johns Hopkins.

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