O presidente Donald Trump deu uma sugestão de como a Espanha poderia lidar com a crise migratória da Europa durante uma recente reunião com o ministro das Relações Exteriores Josep Borrell, segundo reportagens da mídia espanhola.
A ideia era simples: "Construa um muro através do Saara".
O El Pais e a Europa Press noticiaram esta semana que Borrell recordou a sugestão de Trump durante um almoço em Madri na terça-feira (19). A embaixada da Espanha em Washington não respondeu imediatamente a um pedido de comentário, mas o Ministério de Relações Exteriores da Espanha informou ao jornal britânico The Guardian que os relatos dos comentários de Borrell estavam corretos.
Segundo as reportagens, Borrell disse que Trump havia comparado a situação no norte da África e no Mediterrâneo com a da fronteira dos EUA com o México. Durante sua campanha, Trump prometeu construir um muro ao longo da fronteira sul com o México e forçar o governo mexicano a pagar por isso.
Borrell disse que não apoiava um muro ao longo da fronteira entre os Estados Unidos e o México e que diplomatas espanhóis disseram a Trump que a situação era consideravelmente diferente em escala. Trump discordou, de acordo com a lembrança de Borrell, acrescentando que "a fronteira do Saara não pode ser maior que a nossa fronteira com o México".
A Casa Branca não comentou.
Embora as estimativas variem, a alfândega americana diz que a fronteira entre os Estados Unidos e o México é de aproximadamente 3 mil quilômetros de extensão. A maioria das estimativas para o Saara o colocam a cerca de 4.800 quilômetros de leste a oeste.
Um muro de um lado a outro do Saara provavelmente envolveria a construção de várias nações soberanas. O deserto se espalha por partes de 11 países: Argélia, Chade, Egito, Eritreia, Líbia, Mali, Mauritânia, Marrocos, Níger, Sudão e Tunísia.
Não ficou claro pela mídia espanhola se Trump estava falando de brincadeira quando fez os comentários. Borrell acompanhou o rei Felipe VI e a rainha Letizia na Casa Branca em junho.
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Imigração na Espanha
A Espanha tem visto um número crescente de migrantes e refugiados chegarem à costa do país nos últimos meses – resultado de uma ofensiva contra uma rota do Mediterrâneo central entre a Líbia e a Itália. Segundo a Organização Internacional para as Migrações, mais de 33.000 pessoas chegaram à Espanha pelo Mediterrâneo ocidental em 2018 – três vezes mais do que no mesmo período do ano passado.
O governo esquerdista do primeiro-ministro Pedro Sánchez, no poder desde junho, tentou receber os recém-chegados, aceitando barcos de resgate de migrantes, como o MV Aquarius depois que a Itália os rejeitou.
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Borrell, que foi presidente do Parlamento Europeu entre 2004 e 2007, tem criticado o sentimento anti-imigração na Europa. "Todos na Europa estão sendo afetados por esse vírus, temem a imigração", disse ele ao Washington Post durante a visita de junho aos Estados Unidos. "Este não é o caso da Espanha".
Seus comentários no almoço desta semana parecem afirmar, no entanto, que a migração e a identidade são as questões mais importantes que o continente enfrenta.
"As sociedades europeias não estão estruturadas para absorver mais do que uma certa porcentagem de migrantes, especialmente se forem muçulmanos", disse ele, segundo o El Pais.
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