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| Foto: JIM WATSONAFP

O presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan disse, neste sábado (10), que uma gravação de áudio que revela os momentos finais da vida do jornalista Jamal Khashoggi no consulado saudita em Istambul foi compartilhada com a Arábia Saudita, Grã-Bretanha, França, Alemanha e os Estados Unidos. 

"Nós compartilhamos o áudio com a Arábia Saudita, com a América, com os alemães, franceses, ingleses, compartilhamos com todos", disse o presidente turco no aeroporto de Ancara, antes de partir para Paris para participar das comemorações do centenário do fim da Primeira Guerra Mundial. 

Vídeo: Entenda o caso Khashoggi

Para a Turquia, o arquivo de áudio é uma evidência crucial que reforça a afirmação do país de que Khashoggi, que jornalista colaborador do Washington Post, foi morto por uma equipe saudita após entrar no consulado em Istambul, no dia 2 de outubro. 

A Arábia Saudita agora reconhece que Khashoggi foi morto, mas a investigação interna do país não envolveu líderes, incluindo o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, governante local e um dos principais suspeitos para parte da comunidade internacional.

Dois oficiais turcos, que falaram sob a condição de anonimato, disseram que o áudio deixa claro que Khashoggi sofreu uma morte prolongada. Segundo eles, o jornalista foi sufocado por cerca de sete minutos antes de morrer. 

Os dois, no entanto, dizem não ter escutado o áudio, mas que foram informados pelo presidente e por outras pessoas. A Turquia também não revelou como conseguiu a gravação de dentro do consulado. Escutas telefônicas de missões estrangeiras violam a Convenção de Viena. 

Jornais turcos publicaram reportagens sobre como a gravação foi feita através do Apple Watch (relógio inteligente da marca Apple) que Khashoggi usava, circunstância que especialistas viram com certo ceticismo. 

Versões

À medida que a Turquia aumentou a pressão sobre a Arábia Saudita, através de ‘vazamentos’ de informações à imprensa sobre o assassinato do jornalista, os sauditas foram forçados a mudar sua história. 

Inicialmente, a Arábia Saudita afirmava que Khashoggi havia deixado o consulado pouco depois de ter entrado no local. Agora, no entanto, admite que o jornalista foi morto intencionalmente. "Erdogan pode permitir que esta crise se desenvolva de várias maneiras, dada a força de sua posição. Ele tem uma infraestrutura de mídia que funciona a seu comando, e o poder é centralizado”, disse um diplomata ocidental que recusou ser identificado, como indica o protocolo. 

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Segundo a Turquia, o assassinato foi realizado por um esquadrão de 15 homens sauditas que viajaram para o país somente para matá-lo, e Erdogan havia dito que a ordem de morte veio do “mais alto escalão” do governo saudita. "O assassino ou os assassinos estão definitivamente entre os 15, e os oficiais da Arábia Saudita conseguirão revelar isso fazendo com que essas pessoas falem", disse ele. 

Autoridades turcas se queixaram repetidamente da falta de cooperação da Arábia Saudita na investigação, dizendo que o principal promotor saudita, que visitou Istambul no mês passado, não compartilhou nenhuma informação com o país. “O promotor não cooperou”, disse Erdogan. 

A Arábia Saudita disse ter prendido 18 pessoas envolvidas no assassinato. "Eles não estão dizendo toda a verdade. Há uma pessoa importante por trás disso, e eles têm que explicar a situação", disse outra autoridade turca.

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