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Protestos na Turquia

Gazeta do Povo, com a colaboração de Thomas Rieger e agências

O que começou com um protesto pacífico contra a derrubada de árvores para a construção de um shopping na Praça Taksim, em Istambul, na Turquia, escalou para uma manifestação contrária ao primeiro-ministro Tayyip Erdogan e seu partido, o islamita Justiça e Desenvolvimento (AKP).

Desde a última sexta-feira (31), o país virou palco de tensão entre cidadãos revoltados e a polícia, que utiliza gás lacrimogênio e canhões d’água para dispersar os protestos.

Os manifestantes, que já ocuparam as ruas da capital Ancara e outras 67 cidades, afirmam estar lutando contra o governo de Erdogan, que ocupa o cargo desde 2002. Por mais que ele tenha triplicado a renda per capita nacional e generalizado o acesso à educação e à saúde, nos últimos meses, o primeiro-ministro adotou medidas polêmicas que estão sendo encaradas como parte de uma sutil "islamização" do país. Entre elas, estão a limitação do consumo de álcool, a autorização do uso do véu islâmico em algumas universidades e até tentativas de limitar o direito ao aborto.

Três pessoas morreram durante os protestos.

A polícia turca deteve nesta quarta-feira 24 pessoas sob acusação de divulgar informação falsa nas redes sociais e incitar os protestos. Mas a medida não parece ter surtido efeito: o país entrou no sexto dia de violentos protestos, apesar do pedido de desculpas do vice-primeiro-ministro Bulent Arinc pela violenta resposta da polícia às manifestações e do apelo para o fim dos distúrbios.

A agência Anadolu informou que os detidos estavam na cidade de Izmir e que teriam incitado o povo ao antagonismo e ao rancor. Além dos 24 presos, a polícia continua procurando outras 14 pessoas.

Em Ancara, a Associação Médica Turca informou que morreu Ethem Sarisuluk, um ativista que havia sido ferido na cabeça durante os protestos, se tornando a terceira vítima desde o início das manifestações.

Milhares de policiais e manifestantes foram feridos desde sexta-feira, quando uma manifestação pacífica para suspender a construção de um grande shopping no Taksim Gezi Park, em Istambul, cresceu e se transformou em protestos em massa contra a repressão policial e o governo do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, há 10 anos no poder.

Os principais meios de comunicação da Turquia têm sido criticados pela pouca cobertura que fizeram da brutalidade da polícia contra o protesto de sexta-feira, que deu origem a novas manifestações. Muitas pessoas recorreram às redes sociais para se manter informadas do desenrolar dos protestos. Erdogan alegou que os atos são organizados por um grupo de extremistas e que as redes sociais são a pior ameaça para a sociedade.

O premier já havia admitido que houve alguns erros e extremismo na resposta da polícia. Ele prometeu que ações legais seriam tomadas contra policiais que atuaram de forma desproporcional. Até o momento, o primeiro-ministro insistiu que os protestos não representam uma Primavera Turca, em referência à onda de manifestações nos países vizinhos.

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