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Katerina Tikhonova, filha de Vladimir Putin, em uma apresentação de rock'n'roll acrobático em 2016
Katerina Tikhonova, filha de Vladimir Putin, em uma apresentação de rock’n’roll acrobático em 2016| Foto: Reprodução YouTube

As recentes sanções do Ocidente à Rússia colocaram sob os holofotes informações sobre a vida pessoal de Putin, que ele sempre tentou manter com o máximo de reserva possível. No início do mês, os Estados Unidos anunciaram sanções às duas filhas mais velhas do presidente russo, decisão que a União Europeia (UE) acompanhou dois dias depois. O novo pacote foi motivado pela “brutalidade repugnante” do massacre na cidade ucraniana de Bucha e pela “natureza desprezível do regime de Putin”, disse um representante do governo norte-americano à imprensa, no dia em que as sanções foram anunciadas.

A inclusão na lista de pessoas que sofreram sanções expôs a identidade das filhas mais velhas de Vladimir Putin, Maria Vorontsova e Katerina Tikhonova, fruto de um casamento de quase três décadas com a ex-comissária de voo Lyudmila Putina. O divórcio do casal foi anunciado publicamente em 2013.

Os nomes dos filhos do presidente russo nunca foram divulgados oficialmente. Perguntado por repórteres em uma coletiva, em 2015, sobre o assunto, ele preferiu uma resposta genérica. "Minhas filhas moram na Rússia e estudaram apenas na Rússia, estou orgulhoso delas. Eles falam três línguas estrangeiras fluentemente. Eu nunca falo sobre minha família com ninguém", resumiu.

Maria Vorontsova

Nascida em Leningrado, hoje São Petersburgo, no dia 28 de abril de 1985, a primogênita de Putin, Maria Vorontsova, estudou biologia na Universidade de sua cidade natal e medicina em Moscou. Segundo reportagem do Daily Mail, ela trabalha com pesquisas em endocrinologia pediátrica, sendo considerada uma das maiores especialistas da Rússia em nanismo, inclusive com a coautoria de um livro sobre a temática.

De acordo com o jornal britânico Mirror, Maria se beneficiaria de programas financiados pelo Estado. "Vorontsova lidera programas financiados pelo Estado que receberam bilhões de dólares do Kremlin para pesquisas genéticas e são supervisionados pessoalmente por Putin", declarou o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, segundo a publicação.

A imprensa internacional divulgou imagens de Maria concedendo uma entrevista recentemente à TV estatal russa, ocasião em que não foi identificada como filha do presidente.

Ela também teria 20% de participação na empresa médica privada Nomeko (de US$ 894 milhões) dedicada a pesquisas sobre o câncer. O Mirror revela, ainda, que a filha mais velha de Putin mora em uma cobertura de luxo em Moscou, perto da embaixada dos EUA.

Maria Vorontsova foi casada com o empresário holandês Jorrit Joost Faassen. Segundo uma investigação da agência de notícias Reuters, publicada em 2015, ele trabalhava para o Gazprombank, “um grande credor com fortes ligações com a elite em torno de Putin”. O casal, que teria se separado recentemente, tem um filho, embora Putin nunca tenha falado oficialmente sobre o neto.

Katerina Tikhonova

A segunda filha do presidente russo nasceu em Dresden, Alemanha, no dia 31 de agosto de 1986. Katerina Tikhonova usaria o sobrenome da avó materna para manter o anonimato. De acordo com o Tesouro dos EUA, Katerina atua como uma liderança executiva de tecnologia, dedicada a apoiar o governo russo e a indústria de Defesa do país. Formada em física e matemática, a vice-diretora do Instituto de Pesquisa Matemática de Sistemas Complexos da Universidade Estadual de Moscou estaria na liderança de uma importante iniciativa russa de inteligência artificial.

O portal Bloomberg afirmou que a segunda filha de Putin está ligada a um projeto de US$ 1,6 bilhão, focado no desenvolvimento de um centro de ciências e de uma incubadora de startups ao lado da Universidade onde ela atua.

Uma de suas aparições públicas mais recentes foi a participação remota no Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, em 2021. Além da vida acadêmica, Katerina é dançarina de "rock'n'roll acrobático", uma mistura de ginástica e dança, apreciada no leste europeu. No YouTube, há vídeos de suas participações em competições mundiais da modalidade, como uma ocorrida na Suíça, em 2013.

Tikhonova foi casada até 2018 com Kirill Shamalov, bilionário mais jovem da Rússia, segundo a Forbes, e filho de um antigo amigo de Putin. O pai, Nikolay Shamalov, é acionista do Banco Rossiya, “que as autoridades dos EUA descreveram como o banco pessoal da elite russa", informou a Reuters.

A BBC conta que o casamento ocorreu em 2013, em um resort de esqui, perto de São Petersburgo, com direito a entrada dos noivos em um trenó puxado por cavalos brancos. Segundo a emissora, o Tesouro dos EUA apontou que "suas fortunas melhoraram drasticamente após o casamento".

Aos 26 anos, Shamalov se tornou vice-presidente da empresa petroquímica russa Sibur, segundo a Forbes. Logo após se tornar genro de Putin, ele comprou uma participação de US$ 380 milhões na empresa por apenas US$ 100, conforme investigação da iStories e do Projeto de Denúncia de Crime Organizado e Corrupção (OCCRP), divulgada no fim de 2020.

Na ocasião, Vladimir Putin disse que Shamalov adquiriu ações da gigante petroquímica como “parte de um programa de incentivo à administração”, divulgou a Reuters. Em 2015, Kirill e Katerina tinham participações corporativas no valor de cerca de US$ 2 bilhões, segundo estimaram analistas financeiros à agência de notícias.

Sanções

As restrições impostas pelos EUA (que impedem operações no sistema americano e congelam bens no território do país) também atingem a esposa e filha do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov. Washington já havia imposto sanções a Putin algumas semanas antes, mas suspeita-se que o presidente russo "esconde seus bens" atrás de familiares e amigos.

O porta-voz da presidência da Rússia, Dmitry Peskov, criticou a medida do governo norte-americano contra as filhas de Vladimir Putin. "O caminho adotado de restrições contra membros das famílias fala por si só. É difícil de entender e de explicar", disse o representante do Kremlin, em coletiva no dia 7 de abril. "Lamentavelmente, é preciso lidar com esse tipo de adversários", completou Peskov, referindo-se ao governo americano e de países europeus.

Maria e Katerina também estão proibidas de viajar ao território da UE e terão todos os seus bens ali congelados, da mesma forma que ocorreu em março com Putin e alguns de seus associados mais próximos.

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