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 | Tiberio Barchielli/Palazzo Chigi
| Foto: Tiberio Barchielli/Palazzo Chigi

Em março, a União Europeia (UE) planeja celebrar o 60.º aniversário de seu documento de fundação, o Tratado de Roma. O evento não poderia vir em uma hora melhor. Conforme a UE luta contra múltiplas crises e rachaduras – que agora incluem instabilidade na Itália depois de uma votação no dia 4 ter revelado fortes sentimentos anti-UE – o bloco precisa de lembranças de seu propósito original.

Apesar de todos os infortúnios, como migração e baixo crescimento, a UE permanece um laboratório vivo de como países diferentes entre si podem agir juntos com base em ideais compartilhados. E ainda é um modelo de como administrar a globalização.

A maioria dos cidadãos da UE considera a globalização uma oportunidade, não um perigo, de acordo com uma pesquisa recente da Fundação Bertelsmann. Em cinco dos seis países mais populosos do bloco, a aprovação da UE está em ascensão. Muitos dos jovens do continente se identificam como europeus tanto quanto com qualquer nacionalidade em particular. Mesmo na Grã-Bretanha, que votou em junho para deixar a UE, uma maioria votaria hoje para permanecer.

Muitos outros países ao longo das fronteiras europeias, como a Ucrânia e a Turquia, buscam afiliar-se. E, como um contraexemplo ao referendo na Itália, eleitores austríacos rejeitaram um candidato anti-UE em um pleito pela presidência federal. O candidato pró-UE venceu com uma plataforma de pluralismo e tolerância – valores sobre os quais se assenta a UE.

Os italianos podem estar cansados da elite governante tanto da UE quanto de Roma. Mas muitos confiam na UE como um valor de segurança. Ao longo dos últimos oito anos, mais de 150 mil italianos – a maioria jovens – usaram a abertura interna da União para se mudarem para a Grã-Bretanha.

Na Grécia, as pessoas podem protestar contra as condições estabelecidas pela UE para resgatar a economia superendividada do país. Mas a maioria prefere permanecer na zona do euro.

“O sistema político supranacional que é a União Europeia não tem precedentes na história humana”, diz Pierre Moscovici, o comissário da UE para assuntos econômicos e financeiros. “Também é jovem: fará 60 anos. Levou mais de dois séculos para os Estados Unidos terem sucesso em construir um estado federal, então acho que não deveríamos ficar surpresos se a governança europeia ainda tem alguns problemas para resolver nessa idade.”

Um dos legados mais fortes da Europa é a livre circulação de ideias, fundada em noções de liberdade individual e respeito mútuo. As formas da União podem mudar – menos integração política, por exemplo, e um recuo nas regras burocráticas. A Alemanha está assumindo um papel de maior liderança. E a eleição de Donald Trump à presidência dos EUA serviu como um lembrete da necessidade de união e força europeias.

Ainda assim, para cada crise, os líderes da UE desafiaram os profetas do apocalipse e encontraram uma maneira de prevenir a dissolução da União. A celebração do aniversário em março que vem deve fornecer alguma perspectiva, especialmente se vier embrulhada em gratidão pela distância que a Europa percorreu desde a escuridão em que se encontrava em meados do século 20.

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