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Mulher usa máscaras de proteção durante pandemia do novo coronavírus em Montevidéu, Uruguai, 7 de maio de 2020
Mulher usa máscaras de proteção durante pandemia do novo coronavírus em Montevidéu, Uruguai, 7 de maio de 2020| Foto: Eitan ABRAMOVICH / AFP

O governo do Uruguai anunciou a retomada de algumas atividades e a reabertura do comércio nesta semana após dados indicarem que o país tem um número menor de doentes e mortos pelo novo coronavírus do que outros países da região.

O presidente Lacalle Pou, de centro-direita, assumiu o governo no início de março, poucos dias antes da chegada do coronavírus no Uruguai. O seu governo apelou pela responsabilidade de todos os cidadãos para o combate à pandemia.

Ainda em março, Lacalle Pou decretou emergência sanitária no Uruguai, no mesmo dia em que o país confirmou os primeiros quatro casos de coronavírus. Entre as medidas, foi decretada quarentena obrigatória de 14 dias a viajantes vindos de países considerados de risco na época, como China, Coreia do Sul, Itália, França e Alemanha.

O governo de Lacalle Pou ordenou o fechamento de lojas e shoppings, exceto as que vendem alimentos e medicamentos, e também suspendeu o funcionamento de parques e outros locais públicos.

O governo uruguaio também proibiu o desembarque de passageiros e tripulantes de cruzeiros. Os espetáculos públicos foram suspensos no país, assim como o controle da presença no ensino público e privado.

No fim de março, Lacalle Pou anunciou que ele, os ministros do governo e os parlamentares do Uruguai teriam os salários reduzidos em 20%. O dinheiro economizado seria destinado ao Fundo Coronavírus, para o combate à pandemia no país.

Outras medidas adotadas para a redução dos impactos econômicos, sanitários e sociais no Uruguai foram o adiamento do pagamento de impostos, o aumento de linhas de crédito com juros baixos no banco estatal e empréstimos para pequenas e médias empresas.

Na segunda-feira passada, vários comércios do centro de Montevidéu retomaram suas atividades e os ônibus aumentaram a sua frequência, segundo a imprensa local.

As lojas terão que evitar a aglomeração de pessoas, indicando as áreas de circulação, e exigir que os clientes usem máscaras. As medidas terão que ser aplicadas por cada empresa, já que não há um protocolo geral. No entanto, há restrição de horário para o atendimento, entre 10 e 18 horas.

Estima-se que entre 80% a 85% das atividades serão retomadas no comércio, segundo o jornal local La Diaria. Durante a quarentena voluntária, os supermercados e farmácias permaneceram abertos.

Preocupação com o Brasil

Assim como outros países que fazem fronteiras com o Brasil, o Uruguai demonstrou preocupação com o avanço da pandemia no território brasileiro. Na terça-feira (5), o governo uruguaio anunciou um aumento do controle sanitário na fronteira com o Brasil, informou o secretário da presidência, Álvaro Delgado, que demonstrou preocupação com os casos de coronavírus em cidades da fronteira.

"O governo do Uruguai está preocupado com a situação de algumas cidades do lado brasileiro", disse Delgado após reunião de emergência do gabinete de Lacalle Pou para tratar do assunto.

Muitos residentes de localidades próximas ao Brasil moram em um país e trabalham em outro, e até agora podiam circular livremente pela fronteira.

Na Argentina, o presidente Alberto Fernández comparou os números da pandemia no país com os do Brasil ao anunciar a extensão da quarentena até 24 de maio para conter a propagação do vírus, na sexta-feira (8).

Fernández já havia afirmado que o descontrole da pandemia no Brasil é um risco para toda a região. Em entrevista na quarta-feira (6), o presidente argentino disse que o assunto vem sendo tema frequente entre chefes de governo dos países vizinhos. "Já falei com Piñera (presidente do Chile) e com Lacalle (presidente do Uruguai). É claro que o Brasil representa um risco", disse Fernández.

O governo uruguaio anunciou, na noite de sexta-feira, o congelamento dos preços de 84 produtos básicos por um prazo de três meses, segundo o jornal uruguaio El País. Em várias ocasiões, o governo uruguaio afirmou que, desde o decreto de emergência sanitária no país, observou aumento de preços em comércios, que em alguns casos qualificou como "abusivos".

Como a pandemia afetou o Uruguai até o momento

O Uruguai registrou 694 casos confirmados de Covid-19 e 18 mortes pela doença até este sábado (9), segundo o monitoramento da Universidade Johns Hopkins. Os números absolutos são menores do que os vizinhos Brasil (148.670 casos e 10.100 mortes) e Argentina (5.611 casos e 293 mortes), e similares aos do Paraguai (563 casos e 10 mortes).

O Uruguai é um país muito menor que o Brasil, com 3,4 milhões de habitantes. Portanto, faz mais sentido fazer uma comparação da proporção de casos em relação à população dos vizinhos. Nesse quesito, o Uruguai está à frente do Brasil, mas atrás de Argentina e Paraguai. Os números de casos e mortes por milhão de habitantes são os seguintes: Brasil, 699 casos e 48 mortes; Uruguai, 200 casos e 5 mortes; Argentina, 124 casos e 6 mortes; e Paraguai, 79 casos e 1 morte, segundo o Worldometers.

Os primeiros casos de coronavírus no Uruguai foram confirmados em 13 de março. Os primeiros quatro pacientes uruguaios haviam estado em Milão, na Itália, e retornado ao país sul-americano entre os dias 3 e 6 de março. Entre esses primeiros casos, está o da empresária Carmela Hontou, de 57 anos, que adoeceu após viagem à Europa e compareceu a um casamento com mais de 500 convidados no mesmo dia que retornou ao Uruguai, mesmo com sintomas de infecção por coronavírus.

A primeira morte por coronavírus no país foi anunciada em 28 de março, quando um ex-ministro da Corte Eleitoral, Rodolfo González, de 71 anos, faleceu em decorrência da Covid-19, segundo o secretário da presidência, Álvaro Delgado.

Desde a chegada do coronavírus no Uruguai, já foram realizados 26.838 testes para a doença até a sexta-feira.

Um navio de cruzeiro australiano está ancorado na costa do Uruguai há mais de um mês, quando foram descobertos casos de Covid-19 entre os passageiros e a tripulação do navio. Em abril, foi feita uma operação para que mais de cem australianos e neozelandeses retornassem aos seus países, após a confirmação de mais de cem casos de contaminação no navio.

Na sexta-feira (8), o ministro de Relações Exteriores do Uruguai, Ernesto Talvi, anunciou que o governo estava organizando o desembarque da tripulação do cruzeiro Greg Mortimer. A tripulação será transferida para um hotel na capital, Montevidéu, até que todos se recuperem e possam voltar aos seus países, anunciou o chanceler. Até quinta-feira, havia ainda 37 casos de Covid-19 entre a tripulação.

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