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Luis Lacalle Pou, novo presidente do Uruguai
Luis Lacalle Pou, novo presidente do Uruguai| Foto: PABLO PORCIUNCULA/AFP

Luis Lacalle Pou é o presidente eleito do Uruguai. Ao meio dia desta quinta-feira (28), o candidato de centro-direita do Partido Nacional havia atingido um número de votos suficientes para garantir a vitória sobre o adversário Daniel Martínez, do governista Frente Ampla, partido que ocupa a presidência do país há 15 anos.

O resultado ainda não foi confirmado oficialmente pela Corte Eleitoral do país, mas o vice-presidente do órgão, Wilfreco Penco, disse à agência de notícias Efe que a diferença entre Lacalle Pou e Martínez já é impossível de ser superada. A apuração de todos os chamados "votos observados", semelhantes aos votos em trânsito no Brasil, deve ser concluída no sábado.

Com a eleiçãoo de Lacalle Pou, o Uruguai terá sua primeira vice mulher. Beatriz Argimón começou a carreira política aos 16 anos e é conhecida por ser defensora dos direitos das mulheres como deputada na câmara do Uruguai. Também foi conhecida no país por apresentar alguns programas de TV.

Martínez reconheceu a derrota e cumprimentou o presidente eleito. "A evolução do escrutínio dos votos observados não altera a tendência, portanto cumprimentamos o presidente eleito Luis Lacalle Pou, com quem vou realizar uma reunião amanhã. Agradeço àqueles que confiaram em nós seu voto de coração. Continuaremos a defender a democracia com mais força do que nunca", tuitou o candidato da esquerda.

A ideologia liberal do partido Lacalle Pou fez o presidente brasileiro Jair Bolsonaro manifestar “torcida” para que o candidato fosse eleito. O apoio, porém, foi rejeitado pelo uruguaio, que disse que governos de outros países não devem interferir na eleição local. Por outro lado, a agenda política de Bolsonaro e Lacalle Pou tem pontos em comum: durante a campanha, o candidato do Partido Nacional destacou que pretende intensificar as negociações de livre mercado do Mercosul e que apoia maior abertura comercial.

Suspense

O Uruguai passou por um momento de suspense após a realização do segundo turno da eleição presidencial no domingo (24). Com todas as urnas apuradas na madrugada desta segunda-feira, uma margem mais apertada do que o esperado de diferença entre os dois candidatos, de apenas 28 mil votos, exigiu uma contagem mais meticulosa. O número de votos observados (votos em trânsito), que não haviam sido apurados no domingo, era maior do que essa margem de diferença entre os dois adversários. Por isso, a Corte Eleitoral do país resolveu esperar o cômputo dos votos observados antes de declarar o vencedor da corrida presidencial. A contagem ainda está sendo feita, mas matematicamente Martínez não tem mais como superar Lacalle Pou.

Novo governo

O resultado apertado indica que o presidente vai carecer de legitimidade para implantar uma agenda que seja muito conservadora. Lacalle Pou já declarou, em linhas gerais, que políticas do governo anterior serão mantidas inicialmente, principalmente na questão de costumes, como o casamento gay e a legislação sobre drogas, segundo explicou Vinícius Vieira, professor de Relações Internacionais na USP e FGV. Mas deve haver mudança do ponto de vista da economia, "porque temos claramente um grupo que tem interesse no desenvolvimento de uma política mais liberal".

O que pode mudar essa tendência mais centrista que tende a ser adotada pelo governo, pelo menos nos primeiros anos, é a evolução do Cabildo Aberto, partido da direita conservadora que conquistou o quarto lugar no primeiro turno das eleições presidenciais e se aliou a Lacalle na disputa final.

Dependendo do que acontecer nos próximos cinco anos, o governo de Lacalle Pou "pode se sentir pressionado a desenvolver políticas mais à direita a medida que o seu mandato avançar, se houver um avanço do Cabildo Abierto", opinou Vieira.

Uma das principais propostas de Lacalle Pou é a redução do déficit do setor público para proteger o acesso do Uruguai ao crédito barato. Sua agenda também inclui reformas nos sistemas públicos de previdência e de educação. O ex-senador conseguiu formar uma coalizão de cinco partidos, de centro-esquerda à direita, que dará à sua presidência uma confortável maioria em ambas as câmaras do congresso.

Conteúdo editado por:Isabella Mayer de Moura
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