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O Vaticano iniciará na segunda-feira o julgamento do técnico de informática Claudio Sciarpelletti, acusado de cumplicidade com o ex-mordomo do Papa Bento XVI, Paolo Gabriele, no vazamento de documentos confidenciais do pontífice à imprensa, conhecido com Vatileaks.

Sciarpelletti, 48 anos, que trabalhava para a Secretaria de Estado, governo central da Santa Sé, será julgado por "receptação" pela autoridade judicial do Vaticano.

Mas as autoridades eclesiásticas consideram que seu papel foi secundário no escândalo, antecipou o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi.

Apesar do Vaticano minimizar o papel de Sciarpelletti, o julgamento pode apresentar elementos sobre as verdadeiras razões que levaram o mordomo de Bento XVI a trair sua confiança e se ele foi manipulado por setores internos ou externos da cúria romana.

O julgamento do ex-mordomo papal, condenado em outubro a 18 meses de prisão por "roubo agravado", não chegou a abordar estes aspectos e deixou mais dúvidas que certezas.

Durante a primeira audiência do julgamento, em 29 de setembro, os juízes estabeleceram que o papel de Sciarpelletti foi secundário, pois ele se limitou a transportar ou conservar envelopes cujo conteúdo não era confidencial.

O juiz-presidente, Giuseppe Dalla Torre, ordenou então a separação dos casos de Sciarpelletti e Gabriele, assim como um segundo julgamento, que começará segunda-feira.

Gabriele foi convocado como testemunha e há muitas expectativas sobre seu depoimento.

Conhecido como "Paoletto", o ex-mordomo do Papa trabalhava no apartamento papal desde 2006, depois de ter ficado a serviço do prefeito da Casa Pontifícia, James Harvey, recém designado cardeal.

O mordomo integrava a chamada "Família pontifícia" e era considerado como um filho por Bento XVI, que pode decidir conceder clemência ao condenado.

Sciarpeletti, um laico especialista em informática, que foi ligado ao caso em agosto, foi envolvido depois da descoberta em seu escritório de um envelope de tamanho médio, fechado, com o selo azul da Secretaria de Estado, e no qual estava escrito "pessoal P. Gabriele".

O envelope continha cópias e documentos confidenciais que foram publicados no livro "Sua Santidade", do jornalista italiano Gianluigi Nuzzi, que revela as rivalidades e a animosidade entre os membros da Cúria, especialmente contra o número dois do Vaticano, o cardeal Tarcisio Bertone.

Sciarpelletti, que foi detido em maio por apenas um dia, caiu em contradição em vários interrogatórios e alega que recebeu o envelope de Gabriele para que opinasse sobre o conteúdo, mas que esqueceu e nem sequer chegou a abrir o mesmo.

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