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A morte do jornalista saudita Jamal Khashoggi, na embaixada do seu país na Turquia, gerou indignação mundial | YASIN AKGUL / AFP
A morte do jornalista saudita Jamal Khashoggi, na embaixada do seu país na Turquia, gerou indignação mundial| Foto: YASIN AKGUL / AFP

A violência contra jornalistas está em alta em diferentes países. Só neste ano, ao menos 53 jornalistas foram mortos, segundo dados coletados pelo CPJ (Comitê para a Proteção dos Jornalistas), organização internacional de defesa da liberdade de imprensa.

O saldo –parcial, visto que ainda faltam duas semanas para 2018 acabar – já supera a média anual de 49,4 mortes. No total, 1.333 jornalistas foram mortos desde 1992, ano de início da série histórica do CPJ. O ano mais sangrento foi 2009, quando morreram 76 repórteres.

O Brasil registou duas mortes neste ano: Jairo Sousa, funcionário da Rádio Pérola, de Bragança (PA), assassinado em junho; e Jefferson Pureza Lopes, da rádio Beira Rio, de Edealina (GO), morto em janeiro.

A morte do jornalista saudita Jamal Khashoggi no consulado de seu país em Istambul, em outubro, gerou indignação global em 2018, chamando atenção para os ataques contra a imprensa ao redor do mundo. Khashoggi recebeu o título de Pessoa do Ano da revista americana Time, junto a repórteres investigativos sob ameaça em outros países.

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Veja os cinco países que mais mataram jornalistas em 2018:

1º – Afeganistão (13)

Com 13 mortes registradas, 2018 foi o mais perigoso para jornalistas no Afeganistão pelo menos desde 1996, quando o grupo islamita Taleban tomou o poder –a facção foi deposta em 2001, após invasão liderada pelos Estados Unidos.

Nove repórteres foram mortos em um único ataque em Cabul em 30 de abril –eles cobriam um atentado anterior quando um homem-bomba disfarçado de jornalista se misturou ao grupo e se explodiu. O ataque foi reivindicado pelo grupo terrorista Estado Islâmico.

Jornalistas no Afeganistão lidam com abuso crescente por parte das autoridades e de grupos insurgentes. A saída de correspondentes estrangeiros nos últimos anos deixou os profissionais afegãos mais vulneráveis a ataques.

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2º – Síria (9)

Tendo registrado nove mortes neste ano, a Síria permanece sendo um dos países mais perigosos para jornalistas. Desde o início da guerra civil em 2011, ao menos 126 profissionais de imprensa foram mortos.

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No caso com maior repercussão, o jornalista Raed Fares foi assassinado a tiros em 23 de novembro junto a um colega fotógrafo em Kafranbel, na província de Idlib. Criador da estação Fresh Radio, Fares era conhecido por sua oposição ao ditador Bashar al-Assad e a grupos extremistas como o Estado Islâmico.

3º – Índia (5)

A Índia, democracia mais populosa do mundo, registrou a morte de cinco jornalistas em 2018. Trata-se do ano mais sangrento para profissionais de imprensa no país em duas décadas.

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Nos últimos anos, autoridades locais e grupos nacionalistas radicais intensificaram as ameaças contra jornalistas. Em 25 de março, um político da cidade de Arrah, no nordeste do país, avançou com seu carro contra uma moto em que viajavam os jornalistas Navin Nischal e Vijay Singh, matando-os –momentos antes do ataque, os repórteres haviam entrado em um bate-boca com o político.

4º – Estados Unidos (4)

Os Estados Unidos entraram no ranking da violência contra jornalistas neste ano por conta de um único incidente. Em 29 de junho, um atirador invadiu a sede do jornal Capital Gazette, em Annapolis, no Estado de Maryland, e matou a tiros quatro jornalistas e uma assistente comercial. O autor do ataque havia perdido uma ação na Justiça movida contra a publicação por causa de um artigo sobre um processo de assédio contra ele.

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A invasão do jornal ocorre em um momento de elevada tensão entre a imprensa e o governo americano. O presidente Donald Trump repetidamente chama jornalistas de "inimigos do povo" por cobrirem criticamente sua administração.

4º – México (4)

Empatado com os Estados Unidos está o México, que também registou a morte de quatro jornalistas neste ano. Segundo o CPJ, repórteres no país estão sujeitos a ameaças de morte e campanhas de difamação nas redes sociais. Além disso, o México é um dos países com maior impunidade por ataques contra jornalistas.

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Muitos jornalistas mexicanos se tornam alvos de ataques por revelarem histórias a respeito de narcotraficantes e autoridades locais. Em 24 de julho, o jornalista Rubén Pat Cauich, dono de um portal de notícias, foi morto a tiros em frente a um bar –ele vinha recebendo ameaças e passou a ser protegidos pelo governo após um de seus funcionários ser assassinado.

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