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O ditador venezuelano Nicolás Maduro
O ditador venezuelano Nicolás Maduro| Foto: Marcelo GARCIA / Palácio de Miraflores / AFP

O embaixador da ditadura venezuelana na Organização das Nações Unidas (ONU), Samuel Moncada, enviou uma carta à organização nesta terça-feira (16) denunciando a "atuação irresponsável" do governo do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, na resposta à pandemia do novo coronavírus.

Ele descreveu o governo brasileiro como uma "bomba humanitária" que ameaça a saúde dos países da América Latina.

Citando o número de casos e mortes pelo novo coronavírus registrados no Brasil, Moncada diz na carta de quatro páginas que a situação sanitária brasileira "coloca em sério perigo milhões de vidas, tanto dentro quanto fora do país, e afeta negativamente as ações" tomadas pelo governo venezuelano.

Ele demonstrou preocupação com os casos confirmados da doença nos estados do Amazonas e Roraima, que fazem fronteira com a Venezuela. "Até 15 de junho, toda a Venezuela registra um total de 3.062 casos confirmados, enquanto apenas os dois estados fronteiriços do Brasil contabilizam mais de 62 mil casos confirmados", escreveu. A versão oficial do regime venezuelano sobre o impacto da pandemia no país, no entanto, é contestada por especialistas (leia mais ao final da matéria).

O diplomata considerou a abordagem do governo brasileiros nas regiões de fronteira uma "negligência criminosa" que é "causa de grande alarme", tendo em conta a mobilidade de milhares de migrantes venezuelanos que, segundo ele, fogem de "discriminação, xenofobia e outras formas de intolerância das quais têm sido vítimas" no Brasil.

Em seguida, Moncada lista três ações "alarmantes" do governo Bolsonaro no contexto da pandemia: "Negação da severidade da pandemia"; "carência de uma política pública coerente para a contenção da pandemia" e "ameaças ao multilateralismo".

O embaixador acusa Bolsonaro e seu governo de terem se convertido no "pior inimigo" dos esforços da América Latina e Caribe pra sair vitoriosa da crise de saúde, e pede que a ONU cobre as autoridades brasileiras para que "parem com as ações temerárias na luta contra essa doença mortal".

"É doloroso ver como [o Brasil] hoje está desperdiçando a oportunidade de liderar a luta para salvar milhões de vidas e, pelo contrário, está se convertendo em um gigantesco agente regressivo e destruidor. Dessa maneira, o Brasil é uma verdadeira bomba humanitária que coloca em risco a saúde, o bem-estar e a vida dos nossos povos", encerra a carta, que foi enviada também para a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Números oficiais da Venezuela são questionados

Moncada afirma ainda que a Venezuela implementou, desde o início da pandemia, uma série de medidas para "garantir a proteção e o bem-estar" dos venezuelanos e que o país tem as menores taxas de contágio e os menores números de casos proporcionais à população na América Latina e Caribe.

No entanto, especialistas acreditam que exista uma grande subnotificação de casos de Covid-19 na Venezuela, país que enfrenta uma prolongada e grave crise política e econômica, que afeta também o sistema de saúde do país. Um estudo de pesquisadores da Human Rights Watch e da Universidade Johns Hopkins publicado em maio concluiu que o impacto do coronavírus na Venezuela é certamente muito maior do que dizem os números oficiais.

Os autores destacaram a "limitada disponibilidade de testes confiáveis, limitada transparência e a perseguição de médicos e jornalistas que relatam a questão", além da escassez crônica de água e insumos básicos em hospitais.

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