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A ex-deputada venezuelana Maria Corina Machado no ônibus com senadores brasileiros e mulheres de opositores presos em Caracas. | Maria Corina Machado / Twitter/ Reprodução
A ex-deputada venezuelana Maria Corina Machado no ônibus com senadores brasileiros e mulheres de opositores presos em Caracas.| Foto: Maria Corina Machado / Twitter/ Reprodução

A visita de uma comitiva de senadores brasileiros a familiares de presos políticos na Venezuela acabou se transformando em um incidente diplomático ontem. Os parlamentares foram recebidos no aeroporto Simón Bolivar, em Caracas, pelas mulheres de opositores presos, mas o ônibus em que estavam foi cercado por manifestantes chavistas e impedido de deixar o aeroporto. 

Itamaraty diz que ataques contra comitiva na Venezuela foram “inaceitáveis”

O governo brasileiro lamentou, em uma nota do Itamaraty, os incidentes durante a visita da Comissão Externa do Senado a Caracas e classificou de “inaceitáveis” os ataques de manifestantes contra os parlamentares brasileiros.

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O governo do presidente Nicolás Maduro bloqueou a estrada que liga o aeroporto à capital venezuelana, impedindo que os senadores deixassem o local. Eles visitariam a prisão de Ramo Verde, onde está preso o líder oposicionista Leopoldo López. No fim da tarde, a comitiva voltou ao Brasil.

Segundo os senadores, o ônibus foi apedrejado por chavistas assim que saiu do aeroporto. Os manifestantes gritavam palavras de ordem, como “Chávez não morreu”. O episódio levou a presidente Dilma Rousseff a convocar o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para uma reunião. No início da noite, o Itamaraty emitiu uma nota (leia ao lado). Os presidentes do Senado e da Câmara cobraram uma reação de Dilma.

Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, ligou para Dilma e ouviu dela que o governo está tomando “providências”, sem especificar que medidas vai adotar. O senador também cobrou o ministro das Relações Exteriores, com quem falou por telefone, e disse que os gestos de intolerância não serão aceitos pelo Congresso. Vieira argumentou que a confusão ocorreu porque havia a transferência de um preso no local onde estavam os senadores.

À reportagem do jornal “Folha de S.Paulo”, no entanto, um dos agentes da Polícia Nacional Bolivariana admitiu haver uma ação orquestrada para bloquear a passagem do veículo. “É evidente que é uma sabotagem. Quando vem uma autoridade estrangeira, nós os escoltamos em fluxo, contrafluxo ou em qualquer circunstância”, afirmou o agente, sem se identificar.

“O Brasil envia mensagem ao mundo de que a democracia está conosco. A indiferença do governo brasileiro é cumplicidade.”

Maria Corina Machado,deputada venezuelana de oposição que teve o mandato cassado.

Os senadores foram recebidos no aeroporto por Lilian Tintori, esposa de Leopoldo López; Mitzy Capriles, esposa de Antonio Ledezma; Patricia de Ceballos, esposa de Daniel Ceballos; e pela ex-deputada cassada María Corina Machado. López, Capriles e Ceballos estão presos, acusados de conspirar contra o governo.

O senador Ronaldo Caiado (DEM-TO), que integrou a comitiva, disse que o veículo foi apedrejado. “Sitiaram o nosso ônibus, bateram, tentaram quebrá-lo”, escreveu no Twitter. Também integravam a comitiva os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), José Agripino (DEM-RN), Ricardo Ferraço (PMDB-ES), José Medeiros (PPS-MT) e Sérgio Petecão (PSD-AC). A comitiva planejava almoçar com representantes da MUD, principal coalizão opositora, e visitar o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, que está em prisão domiciliar.

Na terça-feira, a Venezuela adiou a resposta à autorização para o avião da FAB com os senadores pousar no país. A autorização só foi dada no dia seguinte.

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