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Ovidio Guzmán, filho do narcotraficante mexicano El Chapo
Ovidio Guzmán, filho do narcotraficante mexicano El Chapo| Foto: Reprodução

O vídeo mostra a ação antes de ela ter fracassado: Ovidio Guzmán, filho do notório ex-líder do cartel de Sinaloa El Chapo, cercado por agentes de segurança que apontam armas para sua cabeça.

O governo mexicano divulgou as imagens nesta quarta-feira não para vangloriar-se do feito, mas para explicar como a operação em 17 de outubro na cidade de Culiacán fracassou. O vídeo oferece uma visão cinematográfica dos primeiros momentos da ação.

Nas imagens iniciais, homens uniformizados cercam um edifício branco. Tiros podem ser ouvidos em segundo plano. Uma mulher sai, inquieta. "Calma, calma, mostre suas mãos", diz um dos policiais.

Então, um jovem vestindo camisa e boné de beisebol preto sai com as mãos para cima. Muitos mexicanos o reconheceriam imediatamente: Ovidio Guzmán, filho do famoso chefão das drogas Joaquín "El Chapo" Guzmán. Ele havia sido indiciado por tráfico de drogas nos Estados Unidos meses antes.

Ele recebe a ordem de colocar as mãos na parede, mas depois disso, a situação fica estranha. Pedem que Guzmán faça uma ligação. "Diga a eles para parar tudo", diz um oficial.

O oficial está se referindo ao caos que consumiu Culiacán quando Guzmán foi detido. O cartel de Sinaloa, que tem um poder enorme em toda a cidade, mobilizou quase uma divisão militar que surgiu repentinamente para sequestrar agentes de segurança e queimar ônibus.

As autoridades de segurança mexicanas rapidamente perceberam que estavam sendo dominadas. Eles precisavam que Guzmán desse a ordem a seus homens. Essa foi a ideia por trás do telefonema que ele é visto fazendo no vídeo.

"Parem tudo, parem tudo. Eu me entreguei", diz Guzmán ao telefone. "Eu não quero que eles façam uma confusão." As armas ainda estavam apontadas para ele. É nesse momento que o vídeo é interrompido.

Pouco tempo depois da gravação do vídeo, o cartel continuou a controlar a cidade. O governo divulgou outros vídeos de homens armados com fuzis dirigindo por Culiacán.

"Eles estavam colocando civis em risco", disse o secretário de Defesa do México, Luis Cresencio Sandoval, em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira.

Para resolver a situação, as forças de segurança liberaram Guzmán de volta ao cartel - uma oferta de paz profundamente controversa com o objetivo de pôr um fim à violência do dia. Guzmán ficou detido por cerca de três horas.

Oficiais tentaram novamente na quarta-feira justificar a libertação dele.

As equipes de segurança que participaram da operação teriam derrotado o cartel em uma "disputa mortal", mas isso causaria um grave derramamento de sangue, disse Alfonso Durazo, secretário de segurança pública do México.

O presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador fez campanha com promessas de abordar as causas do crime organizado, uma estratégia que ele chamou de "abrazos, no balazos". Mas a violência disparou desde que ele assumiu o cargo em dezembro.

Durazo argumentou que a operação malsucedida em Culiacán não deve ser interpretada como prova de que a missão de segurança do governo falhou.

"Em termos de segurança, não é prudente superestimar as circunstâncias", afirmou. "Um percalço tático não invalida a estratégia de segurança como um todo".

Analistas de segurança e ex-funcionários tiveram uma impressão diferente. Eles viram a incompetência daqueles que planejaram a operação.

Ricardo Marquez, um ex-oficial de segurança sênior, disse que as novas informações divulgadas pelo governo mexicano mostraram que não foram utilizados muitos dos recursos disponíveis - incluindo helicópteros e cerca de 3.200 forças militares e da Guarda Nacional na região. "É incrível que eles não tenham demonstrado a capacidade do governo mexicano", disse ele.

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