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Mais de 160 presidentes, primeiros-ministros e reis participaram da maior cúpula de líderes mundiais já promovida pela ONU em toda a sua história, na semana passada. O objetivo da convocação foi o de fazer um balanço dos resultados alcançados até agora pelos países que, em 2000, se comprometeram com as Metas do Milênio e, ao mesmo tempo, renovar a disposição das nações mais ricas de contribuir mais fortemente para que, até 2015, as metas estejam de fato alcançadas.

Há cinco anos as intenções da Cúpula do Milênio ficaram consubstanciadas no documento "As Nações Unidas no Século 21", que, entre outras prioridades estabelece as seguintes: 1) melhorar a vida de cerca de 1 bilhão de pessoas que vivem na pobreza; 2) garantir que, nos próximos 15 anos, todas as crianças do mundo estejam na escola; 3) controlar a epidemia de aids e erradicar a tuberculose até 2010; 4) melhorar a relação entre os países para evitar conflitos; e 5) promover o mais rigoroso controle ambiental.

O balanço não foi promissor. Transcorrido já um terço do tempo de execução do projeto mundial, verifica-se que seus objetivos estão longe de ser cumpridos, especialmente em razão do não cumprimento pelos países desenvolvidos de aportar recursos anuais equivalentes a 0,7% do PIB de cada um deles. Tal contribuição seria suficiente para juntar ao longo da próxima década o montante mínimo de US$ 135 bilhões que, segundo estudos recentes, seria necessário para vencer os desafios propostos.

Sabe-se que a tarefa não é fácil. O êxito supõe a existência de um clima de total e absoluta solidariedade entre as nações – coisa que, apesar de existir com tal finalidade, a ONU não conseguiu promover nem concretizar em seus quase 60 anos de história. Além disso, precisa de recursos hoje concentrados nas mãos de poucos países, geralmente muito mais preocupados com o seu próprio bem-estar do que com o dos outros.

Nesse mais de meio século de existência da Organização, conflitos bélicos internacionais repetiram-se por 135 vezes. Eles foram responsáveis diretos, segundo levantamentos confiáveis, por nada menos de 32 milhões de mortos. Outros tantos morreram em decorrência das crises internas econômicas, políticas e sociais que sobrevieram imediatamente às guerras, sem contar com a tragédia crônica da fome, da falta de saúde e de educação que agrilhoa inúmeros países ao redor do planeta. Enquanto isso, mantiveram-se cada vez mais prósperos a produção e o comércio mundial de armas. Hoje, este setor consome cerca de US$ 800 bilhões por ano – quantia muito maior do que aquela necessária para tornar realidade o sonho de bem-aventuranças pregado pela Cúpula.

São fatos como esses que desmentem a disposição das nações para a solidariedade mundial indispensável à concretização de tais bem-aventuranças. Mas sem ela não será possível construir o mundo idealizado pela ONU. Solidariedade significa não apenas vencer as diferenças étnicas e religiosas ou superar os conflitos por território – significa, sobretudo, promover uma mais equânime e planetária distribuição das riquezas.

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