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| Foto: Robson Vilalba/Thapcom

Após o assassinato da vereadora Marielle Franco no Rio, a extrema-esquerda logo saiu em campo para fazer política, nem mesmo esperando o cadáver esfriar. Viu ali uma oportunidade para “virar o jogo” contra a tal “onda conservadora”, que gera tanto pânico nos socialistas.

Como reação a isso, até porque a campanha orquestrada pela mídia, dominada por “progressistas”, foi impressionante, alguns à direita passaram a espalhar mentiras difamatórias sobre Marielle nas redes sociais, apontando para uma suposta ligação sua com o crime.

Era tudo que a esquerda queria para acusar toda a direita de insensível e de promover as fake news. Deixo de lado o fato de que a própria imprensa abusou das fake news, ou ao menos do viés ideológico na cobertura do caso, praticamente canonizando a vereadora mártir e esquecendo que seu partido defende oficialmente a ditadura venezuelana. Meu foco aqui será a ligação histórica entre a esquerda e o crime.

Acusar especificamente a vereadora de ter sido bancada pelo Comando Vermelho é não só leviano como insensível, uma vez que ela acabara de morrer. Igualmente leviano, claro, foi a esquerda acusar a polícia pelo crime, como fez imediatamente após ele ocorrer. Os mesmos que alegam a inocência de Lula, condenado em segunda instância com farta evidência, acham que nem sequer é preciso investigação para concluir o responsável pelo crime contra a vereadora. Demonizar a polícia é o esporte preferido dessa gente.

O povo favelado quer segurança e trabalho, o que a esquerda nunca soube entregar

Mas eis o ponto: mesmo sendo um erro acusar Marielle de ligação com bandidos, e mesmo que seja uma acusação falsa, ela é totalmente crível. Como diz o ditado italiano, se non è vero, è ben trovato. Ou seja, mesmo não sendo verdadeiro, é bastante factível, uma vez que a paixão da extrema-esquerda pelo crime não é uma invenção da direita, mas um fato bem documentado e conhecido.

A começar, claro, pela própria defesa que os socialistas fazem de regimes opressores e assassinos, como o de Cuba e o da Venezuela. Quem tem o falecido Fidel Castro como guru, o assassino Che Guevara como herói e Nicolás Maduro como uma inspiração não pode reclamar de ser associado ao que há de pior na humanidade. Para eles, os meios mais nefastos justificam seus “nobres” fins.

E não são apenas ditadores e revolucionários que encantam nossa esquerda radical. Os guerrilheiros traficantes das Farc também. Os sequestradores dos movimentos comunistas também. O Foro de São Paulo reúne toda essa escória sob os aplausos da esquerda. O italiano Cesare Battisti, condenado por assassinato na Itália, é protegido por essa turma. Sempre que o crime for cometido em nome da “causa”, ele será automaticamente perdoado.

Até mesmo crimes comuns costumam ser perdoados. A “pensadora” Márcia Tiburi, que pretende ensinar como se debate com “fascistas”, sendo que sai correndo de uma conversa com o jovem liberal Kim Kataguiri, que ela curiosamente considera “fascista”, chegou a afirmar em uma entrevista que entende a “lógica do assalto”.

Leia também: Defensores de assassinos (editorial de 12 de fevereiro de 2014)

Leia também: Entre traficantes e militantes: a guerra de duas frentes no Rio (artigo de Luiz Guilherme de Medeiros, publicado em 18 de março de 2018)

Contra o “sistema capitalista opressor”, o sujeito teria motivo para apontar uma arma e levar os bens da vítima. Ele é a verdadeira vítima: vítima da sociedade. Márcia Tiburi se filiou ao PT. Faz todo o sentido. Está em casa. Afinal, Lula é um bandido condenado pela Justiça, prestes a ser preso, e os petistas insistem em defendê-lo como um herói perseguido por razões políticas.

O tráfico de drogas é outro caso de amor da esquerda. O Comando Vermelho não tem esse nome por acaso. Cuba se transformou num grande hub do tráfico internacional de cocaína, enquanto a Coreia do Norte comunista exporta muita heroína. Os traficantes desfrutam de certo glamour nas rodas esquerdistas, isso é inegável. E tem respaldo “intelectual” universitário.

A tese da legitimidade do PCC, por exemplo, é praticamente hegemônica dentro das universidades, nos cursos de mestrado e doutorado das áreas de humanas, incluindo o direito. Uma expoente dessa vertente acadêmica é a pesquisadora Karina Biondi, doutora em Antropologia pela Universidade Federal de São Carlos, com dois pós-doutorados: um na própria UFSCar e outro na USP. A tese de Karina Biondi, Junto e Misturado: Uma Etnografia do PCC, defendida em 2009 e publicada em livro em 2010, é marcada pelo deslumbramento com o PCC, especialmente com Marcola, tratado como uma espécie de Paulo Freire, que o leva a ter uma autoridade sobre os criminosos baseada em sua “sabedoria”.

Karina Biondi começou a pesquisar o PCC como mulher de presidiário, quando ainda estava na graduação em Sociologia da USP. Como trabalho de fim de curso, fez seu primeiro estudo sobre o grupo criminoso graças ao marido preso, que lhe abriu as portas da organização. O texto final de sua monografia foi lido e aprovado pelo PCC, como ela própria confessa e a USP, na época, considerou normal.

Leia também: Mentiras do cárcere (artigo de Diego Pessi e Leonardo Giardin, publicado em 11 de julho de 2017)

Leia também: O brasileiro e os bandidos (editorial de 4 de novembro de 2016)

Esse livro de Karina Biondi sobre o PCC foi traduzido e publicado em inglês, em 2016, com o título Sharing This Walk: An Ethnography of Prison Life and the PCC in Brazil, pela editora da Universidade da Carolina do Norte. O livro recebeu o prêmio de Melhor Livro de 2017, conferido pela Association for Political and Legal Anthropology da American Anthropological Association. Ao receber o prêmio, Karina Biondi rasgou elogios ao governo Lula e chamou Temer de golpista, merecendo, por isso, amplo destaque no portal oficial do PT.

O jornalista José Maria e Silva comentou sobre o caso no jornal Opção, criticando a politização do crime, e concluiu: “Ao tratar o PCC como uma espécie de ‘Partido Comunista do Crime’, calcado numa ‘igualdade’ revolucionária, as universidades brasileiras – influenciando tucanos e petistas – deformam a segurança pública no país”. Não há como discordar.

Como fica claro – e isso é só a ponta do iceberg –, não há inverdade alguma quando a direita aponta para os laços umbilicais entre esquerda e crime. Eles são unha e carne, unidos pela paixão “revolucionária” e o ódio à ordem e à lei. A polícia é vista como “fascista”, e quem não gosta de polícia normalmente é bandido.

A mídia, em defesa de Marielle, constatou que ela quase não teve votos na favela da Maré, local de sua criação. É verdade: o PSol costuma ter voto no Leblon e outros bairros ricos, da elite culpada que acha charmosa a “rebeldia” socialista. O povo favelado quer segurança e trabalho, o que a esquerda nunca soube entregar. A esquerda gosta mesmo é do crime comum e de ditaduras opressoras.

Rodrigo Constantino, economista e jornalista, é presidente do Conselho do Instituto Liberal.
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