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| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Até há pouco tempo havia dois mundos praticamente separados: de um lado a indústria, algumas vezes ainda bem tradicional; do outro, o mundo digital, que evoluiu muito nos últimos tempos. Hoje, esses dois mundos se encontraram na Indústria 4.0.

Conhecida como a Quarta Revolução Industrial, a Indústria 4.0 cria sistemas físicos cibernéticos e abre um campo totalmente novo, de muitas oportunidades e de alguns riscos também. Nessa revolução, o mundo físico das indústrias se funde com o mundo virtual e conceitos como a Internet das Coisas, Big Data, robôs colaborativos, sensores, cloud computing, comunicação máquina a máquina e impressão 3D, entre outros conceitos da era digital, estão chegando ao chão de fábrica.

Temos certeza de que essa revolução – estabelecida na Alemanha – trará ganhos em termos de produtividade, flexibilidade e sustentabilidade. Nesta corrida, os países e as indústrias que saírem na frente terão um grande salto em inovação e competitividade.

O avanço trazido pela Indústria 4.0 é tão expressivo que tem sido comparado às outras três grandes revoluções: a primeira grande revolução industrial, que trouxe as máquinas a vapor em substituição ao esforço braçal; a segunda revolução industrial, com a produção em massa e o uso intensivo da eletricidade; e a terceira revolução, com a introdução da automação. Já a revolução proporcionada pela Indústria 4.0 vai muito além da automação.

O Brasil tem a infraestrutura necessária para essa revolução?

Na realidade, a quarta revolução é o salto seguinte da automação. Por exemplo: uma empresa que tem um equipamento completamente automatizado ainda depende de vários processos manuais para a programação dos materiais, logística interna e externa, paradas de máquinas para a manutenção, adaptação e preparação para novos produtos. Ou seja, as máquinas automatizadas são ilhas de excelência dentro de um mundo que ainda é manual. Imagine que, a partir dessa revolução, as máquinas – por meio de sensores inteligentes – passam a detectar automaticamente possíveis problemas futuros e, por estarem ligadas à Internet das Coisas (IoT), podem encomendar peças de reposição. Não é só isso: ao estarem interligadas com outras máquinas, podem remanejar e reprogramar a produção automaticamente.

Não para por aí; outro exemplo é o uso de Big Data, tecnologia que permite análises avançadas de grandes volumes de dados. Com ele, variações de processos – desde a qualidade até as tendências de consumidores – poderão ser identificados de forma rápida e precisa.

Os ganhos vão além das organizações; o ser humano também será beneficiado, mas terá desafios pela frente. Teremos de lidar com uma mudança de cultura, e para isso serão necessários novos conhecimentos e habilidades. A necessidade de colaboração e trabalho em rede também atingirá níveis muito maiores do que vemos hoje. Isso sem falar nos resultados sustentáveis, graças ao uso inteligente dos recursos humanos e materiais, assim como o uso racional do capital.

Diante de todo esse avanço, o novo conceito industrial vem recebendo apoio maciço do governo alemão e das grandes empresas alemãs. As Câmaras de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK) também têm apoiado as empresas locais neste processo, além de desempenhar um importante papel na divulgação destas tecnologias.

Contudo, surge uma pergunta: o Brasil tem a infraestrutura necessária para essa revolução? Isso, sem dúvida, ainda é um grande desafio, pois a Indústria 4.0 precisará de conexões rápidas e confiáveis, redes interligadas sem interrupções e infraestrutura de ponta para suportar essa tecnologia.

Outra questão ou risco ligado à intensiva digitalização é a proteção dos dados. Isso porque haverá uma grande circulação de informações provenientes da digitalização e interligação de máquinas. Sendo assim, novas soluções para proteção de dados precisarão ser encontradas.

Um novo mundo se abre com a Indústria 4.0, mas as empresas que quiserem sair na frente para usufruir desta vantagem competitiva terão de se adaptar à nova realidade e, com isso, enfrentar vários desafios. Afinal, toda revolução traz avanços e mudanças significativas.

Daniel da Rosa é conselheiro da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK Paraná) e CEO da unidade Steering da thyssenkrupp para o Brasil.
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