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As estimativas de crescimento da região metropolitana de Curitiba, realizadas pelo Ipardes, sinalizam para um problema de difícil solução à medida que o tempo passa sem uma ação presente forte e de planejamento consistente para a região e para o estado. Outra pesquisa, "Uma década de transformação produtiva: análise comparativa dos aspectos socioeconômicos dos municípios paranaenses", monografia ganhadora do Prêmio Paraná de Economia, promovido pelo Corecon/PR, na categoria economia paranaense, ressalta as diferenças socioeconômicas das regiões e reforça sobre os perigos da aglomeração urbana na região metropolitana de Curitiba (RMC).

Durante o processo de reconfiguração da estrutura produtiva na década de 1990, os grandes centros passaram a ofertar mais empregos e a infra-estrutura destes centros atraiam a migração da zona rural para a zona urbana, em busca de melhor qualidade de vida, uma vez que eram ofertados serviços públicos que muitas vezes não eram ofertados na quantidade ou qualidade necessária nas zonas rurais. Em 1980, por exemplo, a população urbana paranaense era de 59% do total; em 2000 ela aumentou para 81,4%, ressaltando a migração ocorrida no estado. A população de outras regiões do estado migrou para a região urbana de RMC (35% da população urbana do estado estava na região metropolitana em 2000), e a RMC passou de 22% para 32% do total da população paranaense, concentrado em apenas 11,6% da área do estado, ou seja, a densidade demográfica aumentou de 100 para 132 habitantes por km2, enquanto a média paranaense é 47,8. Esta população vem principalmente do interior do Paraná para a RMC. Se observarmos o período de 1995 a 2000, por exemplo, a RMC recebeu 128 mil pessoas a mais do que saíram, sendo que 90 mil vieram do interior do estado e as demais de outros estados. Em compensação, saíram do Paraná 25 mil pessoas a mais do que o estado recebeu, ou seja, a maioria das mesorregiões do Paraná perdeu população.

Além de concentrar a população em menos de 12% da área paranaense, a RMC também concentra 45% do valor adicionado do estado e, em contrapartida, apresenta uma taxa de desemprego maior que nas outras regiões. Enquanto em 1991 a taxa de desemprego na RMC era 5,3%, em 2000 ela já havia aumentado para 14,7%, mesmo com todos os investimentos realizados na região. Isso ressalta outro ponto: novos investimentos, principalmente tecnológicos, demandam uma mão-de-obra mais especializada, o que nem sempre é o caso da população que migra para a RMC em busca de novas oportunidades, ocasionando desemprego e nítida falta de oportunidades que resultam em uma condição de vida ruim, às vezes que aquela deixada para trás no interior. Os anos de estudos da população da RMC é superior às demais mesorregiões do estado, mas a esperança de vida é menor ou igual que outras mesorregiões, ressaltando que a concentração urbana não necessariamente resulta em melhor qualidade de vida para a população, o que era a principal esperança com a migração.

Enfim, o alerta se coloca para discussão de novas oportunidades para melhor distribuição da população no Paraná de modo a tornar atrativos os vários cantos do estado para que se possa distribuir mais as riquezas, as oportunidades e, principalmente, com melhor qualidade de vida para todos.

CHRISTIAN LUIZ DA SILVA é economista, professor do mestrado em organizações e desenvolvimento da UNIFAE e orientador da monografia ganhadora do 17.º Prêmio Paraná de Economia do Corecon/PR.

WILLIAM MICHON JUNIOR é economista e ganhador do 17.º Prêmio Paraná de Economia do Corecon/PR.

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