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| Foto: Guilherme Paixão/Thapcom

O senso comum diz que o Brasil está num beco sem saída, às vésperas de uma eleição com candidatos à Presidência despreparados para enfrentar os enormes desafios que temos pela frente. Nada mais equivocado. É preciso, sim, senso crítico para uma análise mais sóbria do cenário político.

Ao lado de populistas e extremistas à direita e esquerda, com seus discursos de apelo fácil para as massas, aparecem alguns candidatos equilibrados, comprometidos com a democracia e a economia de mercado e propostas consistentes com potencial de cativar o eleitor, ainda que estejam com baixos índices nas pesquisas nesta fase pré-eleitoral. A campanha nem começou e, embora seja curta, o eleitor deverá ter informações necessárias para decidir seu voto.

Outsider na política, o empresário Flávio Rocha, que acabou por renunciar à sua candidatura, tinha uma agenda nitidamente liberal sintetizada no manifesto batizado de “Brasil 200” – em referência aos 200 anos da independência do Brasil, que serão comemorados em 2022. Ainda que Rocha não seja mais pré-candidato, vale a pena ler o texto por sintetizar medidas importantes para uma proposta econômica de livre mercado. O manifesto destaca que há décadas o país “optou por odiar os empreendedores, investidores e inovadores. Os resultados falam por si. Agora é hora de mostrar que é possível um outro caminho”. O empresário foi certeiro em seu diagnóstico ao propor “tirar o Estado das costas da sociedade, do cidadão, dos empreendedores, que – sufocados – não aguentam mais seu peso. Chegou o momento da independência de cada um de nós das garras governamentais”, com menos impostos e regulações e mais privatizações.

A campanha nem começou e, embora seja curta, o eleitor deverá ter informações necessárias para decidir seu voto

Também oriundo do meio empresarial, João Amoêdo se diz a favor da privatização total das estatais. Sua proposta de reduzir o número de ministérios para no máximo dez vai ao encontro dos princípios liberais, que pregam a redução da máquina pública com menos interferência estatal na vida dos cidadãos e das empresas. Vale destacar aqui recente declaração do candidato: “Temos a falência do atual modelo do Estado brasileiro, onde se tem uma carga tributária altíssima, onde se trabalha 153 dias por ano para pagar impostos, e onde a saúde, educação e segurança são ruins”.

Geraldo Alckmin, homem de diálogo, político de perfil moderado e grande experiência administrativa, vindo de uma exitosa gestão à frente do governo de São Paulo, tem também em sua plataforma compromissos claros com os princípios econômicos do mercado livre, com menos intervenções do Estado. Enquanto defende bandeiras liberais, tem por mérito o compromisso de criar políticas sociais de inclusão conforme os valores pregados pela social-democracia.

Por fim, temos no paranaense Alvaro Dias as virtudes dos pré-candidatos já citados, somadas a um longo histórico de compromisso com a preservação das instituições democráticas e combate à corrupção. Sua experiência política, tanto no Executivo quanto no Legislativo, o capacitam como hábil articulador, atributo essencial para viabilizar, sob uma nova ótica, o governo no presidencialismo de coalizão. Quando interpreta o desejo de mudança que permeia a sociedade brasileira, Alvaro defende, acertadamente, uma ampla reforma político-institucional que chama de “refundação da República”.

Leia também: Talvez não devamos temer as próximas eleições (artigo de Viviane Doelman, publicado em 10 de julho de 2018)

Leia também: A pobreza no centro do debate (editorial de 23 de julho de 2018)

Está aí o grande mote. O Brasil precisa ser refundado, ter suas instituições completamente reformatadas com reformas – política, tributária, previdenciária, administrativa e judiciária – e uma ampla reforma constitucional que reduza a Carta Magna a uns poucos itens, mas que sejam fielmente cumpridos e interpretados.

O Brasil tem, portanto, oportunidade histórica de eleger um presidente da República com capacidade e autoridade para acabar com a bagunça e a desorganização do Estado. E mais: criar um ambiente institucional, cultural e empresarial que reduza a pobreza e estimule a inovação e o investimento, com menos burocracia e mais liberdade para trabalhar e empreender, gerando, assim, mais oportunidades, serviços e educação de qualidade para todos.

A solução para o Brasil passa longe dos extremismos. Exige, sim, equilíbrio!

Edson José Ramon, empresário, é presidente do Instituto Democracia e Liberdade (IDL) e ex-presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP).
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