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Atualmente, a reclamação de muitos professores é que seus alunos se mostram desmotivados e desinteressados pelos conteúdos transmitidos em sala de aula, especialmente quando a proposta é ensinar adolescentes e jovens. A cada dia, o espaço escolar se torna mais desinteressante e desestimulante. Entre as razões para este cenário, está a falta de investimentos em educação pública, a falta de incentivo à carreira da docência e especialmente a tecnologia, que parece afastar os jovens da sala de aula.

No entanto, ao refletir sobre o uso da tecnologia em sala de aula, é possível repensar sobre as práticas que os professores adotam para chamar a atenção dos seus educandos. Conforme já apresentava Paulo Freire, é preciso pensar na realidade do aluno para conseguir despertar o interesse pelo conteúdo. Quando o professor organiza sua aula e cria maneiras de chamar a atenção do seu aluno, talvez este conteúdo faça mais sentido e se torne interessante para quem está nos bancos escolares.

Como os alunos são nativos e os professores imigrantes do ambiente tecnológico, muitos professores não parecem confortáveis em aplicar esses recursos

No entanto, ao que parece, não há uma busca dos educadores por conhecer ou mesmo incorporar a realidade de vida do aluno em sua disciplina. O ensino precisa ser encarado não apenas como a simples transmissão de informações, mas na criação de curiosidade, para que os estudantes se sintam estimulados. Nesse sentido, a ação do professor é fundamental, pois ela pode ser o que faltava para que os alunos compreendam que os conteúdos serão importantes e aplicáveis em seu cotidiano.

Quando o professor conhece a realidade do seu aluno, consegue elaborar exemplos diferenciados para cada sala e para o contexto social e cultural daquela turma, tornando o processo de aprendizado mais interessante e palpável. Nessa iniciativa de fazer o conteúdo se aproximar da realidade do educando, uma das ferramentas que podem ser utilizadas é a tecnologia.

No entanto, ao se observar a prática docente, o uso da tecnologia se restringe à mera ilustração, ou seja, não há um trabalho efetivo para o aprendizado e construção do conhecimento a partir dos recursos tecnológicos. É preciso pensar que os alunos são o que o teórico Mark Prensky define como nativos digitais, ou seja, a geração que está nos bancos escolares já nasceu com as tecnologias de informação e comunicação à disposição. Os professores, ao contrário, são imigrantes digitais que têm acesso a essa tecnologia, mas não nasceram inseridos nesta realidade.

A tecnologia, os jogos e as redes sociais estão no cotidiano dos adolescentes e jovens e não há como a escola ignorar esse fato. Além disso, as chamadas novas tecnologias fazem com que os alunos tenham uma visão diferenciada da realidade, em relação aos professores. Nessa perspectiva, não adianta preparar uma aula que esteja completa em relação ao conteúdo, mas que não faça sentido algum para o aluno. Se o fim do processo de aprendizado é o desenvolvimento do aluno e a sua evolução enquanto cidadão e futuro profissional, o professor precisa buscar se aproximar da realidade da turma em que está lidando, para que esse processo seja bem-sucedido.

Desse modo, ao pensar em formas inovadoras de ensino que utilizem a tecnologia, o professor poderá ter mais contato com os alunos. Os novos jogos com realidade aumentada e tudo o que as novas tecnologias de informações e comunicação oferecem podem, sim, ser utilizadas de maneira produtiva em sala de aula, tornando o ensino mais interessante. Além disso, ao se atualizar, ou ao menos conhecer essas ferramentas, os professores conseguem manter um diálogo próximo com os seus educandos, o que tornará a relação aluno-professor mais produtiva.

No entanto, ainda há barreiras a serem quebradas neste sentido, pois há certa resistência na utilização das tecnologias disponíveis para o ambiente escolar. Como os alunos são nativos e os professores imigrantes, muitos professores não parecem confortáveis em aplicar esses recursos. Não há, ao que parece, um esforço no sentido de fazer a construção de conhecimento a partir da tecnologia. Ao contrário, a tecnologia é apenas um apoio, ou uma ilustração, para a abordagem dos conteúdos.

Danielle Scheffelmeier Mei é jornalista e mestre em Comunicação
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