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"O trabalho voluntário é para mim uma prece silenciosa. Deveis encontrar uma causa generosa à qual sacrificareis tempo e dinheiro, porque é assim que conhecereis a alegria de dar. Mais do que vossas posses, é quando derdes de vós próprios é que realmente dais."

Gibran Khalil Gibran (1893–1931), poeta, escritor e filósofo libanês.

Praticar o bem é uma terapia gratificante. Via de mão dupla nas relações humanas, leva dignidade e auto-estima. O retorno é o prazer de se sentir útil e a transformação interior.

"Fica sempre um pouco de perfume nas mãos de quem oferece rosas", diz a canção. Também Zilda Arns – essa senhora sempre com aparência feliz – se faz pertinente: "Quem é voluntário não somente dá; recebe muito mais".

Sim, surpreendente e encantadora é a alegria com que voluntários praticam e relatam suas atividades. São pessoas que compartilham com os outros uma energia positiva muito forte. Não se apequenam perante as vicissitudes e são entusiastas. Aliás, entusiasmo é uma palavra belíssima que provém do grego – en-theo – que literalmente significa "deus dentro de si". Para os gregos politeístas, quem carrega a chama esplendorosa do entusiasmo tem um deus dentro de si.

De fato, o voluntariado é um dever de consciência social, é um nobre exercício de cidadania, além de poder representar um bom exemplo de atitude proativa para nossos filhos.

Na convivência com jovens que praticam ações comunitárias, ouvimos três frases que encerram grandes verdades. Primeira: você já viu um voluntário triste quando em ação? Segunda: existe terapia melhor que fazer o bem? E terceira: quando pratico o voluntariado, esqueço os meus problemas, até porque eles são pequenos diante da realidade em que estou atuando.

O Brasil não é um país pobre, mas sim injusto. A bem da verdade, este país será salvo não apenas pelos governantes, mas pelas ações concretas de cada um. Não podemos ficar indiferentes à cruel realidade de nossas crianças, carentes não só de alimento, saúde e boas escolas, mas também desprovidas de esperança. Milhares de brasileiros fazem a sua parte, mas é pouco para uma nação com milhões de jovens com tempo disponível, bem-instruídos, bem-nutridos e, no entanto, hedonistas em excesso (do grego hedoné = prazer); ou seja, que se preocupam demasiadamente com as próprias satisfações.

Quantos são os jovens a parasitar em uma torre de marfim, alheios aos problemas sociais? Blindado é o seu mundo. Dependem de shoppings, clubes, grifes, festas glamourosas, condomínios ou prédios-fortalezas, e o mais grave: pertencem a escolas também indiferentes às mazelas sociais.

Sim, vivemos numa das nações com maior desigualdade social. Conforme indicam sociólogos, esta é a principal causa do incremento da violência e da criminalidade. É de se perguntar, então: o que choca mais, a pobreza ou a passividade diante dela?

Pergunto-me também se nós educadores, pais e líderes comunitários não falhamos em preparar para as nossas crianças e adolescentes um caminho por demais florido e pavimentado; se não seria melhor estimulá-los a se envolverem com mais presença e participação em ações voluntárias.

Contudo, não podemos ignorar que a generosidade e também a falta de iniciativa sejam características da juventude. São enfáticos os dados de uma pesquisa que realizamos com 1.900 alunos de três escolas de Curitiba, que mostrou haver apenas 8% dos jovens pesquisados envolvidos em ações comunitárias. No entanto, 71% deles gostariam de participar, mas boa parte não sabe como.

Portanto, belas e oportunas são as palavras de Dalai-Lama: "A ajuda aos semelhantes nos traz sorte, amigos e alegrias. Sem ajuda aos semelhantes, acabaremos imensamente solitários."

A ação organizada, unida ao entusiasmo, produz uma força de transformação inquestionável e muito necessária. Além disso, é encantador – e mais feliz – o jovem que vai além da sua obrigação.

Desse modo, torna-se imprescindível que o jovem tenha sempre metas, objetivos, para o dia, para o mês, para o ano e para a vida.

www.geometriaanalitica.com.br

Jacir J. Venturi é diretor de escola, professor da UFPR por 25 anos, da PUCPR por 11 anos. Cidadão Honorário de Curitiba, autor dos livros "Álgebra Vetorial e Geometria Analítica e Cônicas e Quádricas".

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