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Uma contribuição muito relevante foi dada recentemente para a agenda de mudanças climáticas, equidade de gênero, erradicação da pobreza e temas relacionados ao desenvolvimento sustentável global. Na ocasião, diversos representantes do setor privado brasileiro participaram, ao lado de agências da Organização das Nações Unidas (ONU) e de investidores internacionais, do SDGs in Brazil – The Role of the Private Sector, evento organizado pela Rede Brasil do Pacto Global que ocorreu em Nova York, durante a 73.ª Assembleia Geral da ONU. Realizado pela primeira vez, o fórum revelou os esforços do setor privado brasileiro na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nas estratégias de empresas e organizações. Os compromissos com a Agenda 2030 e com os ODS foram assumidos pelo Brasil e outros 192 membros da ONU em 2015.

A Agenda 2030 é um ambicioso plano de ação em andamento, que estabelece prioridades a serem alcançadas pelo mundo durante os próximos 12 anos, sendo os ODS instrumentos fundamentais para o estabelecimento de metas e o monitoramento dos resultados. Celebrando três anos do lançamento dos ODS, o evento contou com apresentação de cases de 19 empresas do Brasil, selecionados de um total de 80 iniciativas inscritas, o que revela o avanço do tema no mercado nacional. Registrando um crescimento de 20% em 2017, a Rede Brasil do Pacto Global tem atualmente 800 membros, dos quais mais de 500 são empresas. Ao assinar o Pacto Global, as organizações se comprometem com dez princípios estabelecidos nas áreas de Direitos Humanos e Trabalho, Meio Ambiente, além de Práticas Anticorrupção. Enquanto os princípios são considerados a base do comprometimento, os ODS são o grande norte que as empresas e organizações devem buscar até 2030.

Cada vez mais a sociedade cobra um impacto social positivo das organizações

Um dos cases apresentados em Nova York foi o do Legado das Águas, no Vale do Ribeira (SP), considerada a maior reserva privada de Mata Atlântica do país, de propriedade da Votorantim. Lá, diversas parcerias – ONGs, universidades, startups, pesquisadores e a comunidade – estão viabilizando ações de pesquisa de fauna e flora, produção vegetal, como um viveiro com capacidade para 200 mil mudas por ano para reflorestamento com espécies nativas, além de ecoturismo. Na Danone, um programa de reciclagem articulado entre sociedade e poder público viabilizou 76 cooperativas, operadas por 1,3 mil catadores, que coletaram 35 toneladas de resíduos em 2017, resultado que garante que 70% das embalagens que vão para o mercado retornem para a indústria recicladora em peso relativo. Essas iniciativas, entre diversas outras que receberam atenção internacional, revelam o quanto o setor privado está avançando na agenda do desenvolvimento sustentável, alterando a dinâmica do mercado.

Um marco recente que impulsionou ações nesse sentido foi a publicação, em janeiro, da carta de Larry Fink aos acionistas, executivo fundador e charmain do fundo de investimentos BlackRock, que administra mais de US$ 6 trilhões e uma das vozes mais influentes do mercado. Com o título A Sense of Purpose (“Um senso de propósito”), a mensagem prega que as empresas devem identificar um propósito, além do lucro, para contribuir positivamente para a sociedade, posicionando este como um critério para investidas do fundo, considerado um dos maiores do mundo. Cada vez mais a sociedade cobra um impacto social positivo das organizações que, por sua vez, já entendem a sustentabilidade como uma questão de sobrevivência e de legado.

Rodrigo Constantino: A grande agenda “progressista” (publicado em 10 de abril de 2017)

Leia também: Ignorar o Acordo de Paris é um mau negócio (artigo de Marina Grossi, publicado em 9 de junho de 2017)

Como compromisso único, a Agenda 2030 impõe o desafio e também a oportunidade de envolver a todos para que as metas sejam alcançadas: diversos setores da sociedade e, especificamente no âmbito privado, empresas com ações em diferentes níveis, além das que ainda não voltaram seus olhos para o tema. Para essa última classe é fundamental a troca de informações com quem já tem projetos implementados, bem como buscar suporte em conteúdos disponíveis. Além de ferramentas conhecidas por parte do mercado brasileiro, como o Guia SDG Compass, outros recursos interessantes voltados ao setor no âmbito privado não param de brotar. Fica o alerta de que o tema é urgente e precisa avançar. Trilhar esse caminho coletivamente é mais fácil e, acredite, protagonizar esse movimento só traz benefícios.

Denise Hills é presidente da Rede Brasil do Pacto Global e superintendente de sustentabilidade e negócios inclusivos do Itaú Unibanco. Carlo Pereira é secretário-executivo da Rede Brasil do Pacto Global.
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